Terminou esta semana no Vaticano o Congresso Internacional Ecclesia in America. João
Paulo II deu o primeiro e forte impulso e depois o Sínodo de 1999 dos Bispos de toda
a América deu forma a uma Exortação Apostólica de seu nome... Ecclesia in America.
Tal e qual como um dia disse o Papa João Paulo II: "A América como uma ínica realidade".
Uma peça realizada por Rui Saraiva. Ouça aqui...
O prefeito
da Congregação para os Bispos e presidente da Comissão para a América Latina (CAL),
Cardeal Marc Ouellet, celebrou às 18h30 da passada quarta-feira (dia 12) a missa de
conclusão do congresso internacional "Ecclesia in America", realizado no Vaticano
à distância de quinze anos do Sínodo dos Bispos para a América. A missa foi celebrada
na "Igreja de Santa Maria in Traspontina", situada na Rua da Conciliação, artéria
principal que dá acesso à Praça São Pedro. Na homilia da celebração o Cardeal Ouellet,
após recordar o anúncio do anjo Gabriel a Maria e o sim da Virgem à maternidade divina,
ressaltou que quando Deus quis abrir a América ao Evangelho lançou seu olhar para
um camponês pobre e humilde, Juan Diego, que recebeu, ele também, uma visita e uma
mensagem do céu. Atraído para a montanha por um canto celestial do qual ignorava a
fonte, viu uma Senhora nobre, radiante, de inimaginável perfeição, vestida de sol.
Ela se apresentou como a Mãe do Deus verdadeiro, destacou o purpurado, recordando
Nossa Senhora de Guadalupe – Imperatriz das Américas –, cuja festa litúrgica se celebrava
nessa quarta-feira. Referindo-se ao congresso internacional, o Cardeal Ouellet
disse que os dias abençoados vividos neste evento se desenvolveram entre os dois mistérios
da Anunciação e da Visitação. "Somos testemunhas de que o Povo de Deus diz sim ao
chamamento neste Ano da Fé", afirmou o cardeal Viemos para este encontro "para
reavivar o dom da fé que recebemos há 500 anos atrás", e queremos ser testemunhas
da fé na unidade, "vez que este dom é a herança mais preciosa que une o Sul e o Norte
da América desde suas origens", observou. Dirigindo-se aos 250 participantes do
congresso e aos demais presentes, o presidente da Comissão para a América Latina disse
estarmos preparados para "levar a mensagem do Evangelho com novo ardor, com novos
métodos e numa nova linguagem". Contemplando a realidade da América e a missão
da Igreja nesta significativa porção do Povo de Deus, o Cardeal Ouellet destacou que
o continente "cresceu sob o signo de Cristo Rei" e que "sob o cajado de Pedro deve
transmitir e difundir sua fé para ser fiel a si mesmo". "Os pobres esperam ansiosamente
este testemunho que deve passar pela caridade sincera, a fraternidade e a solidariedade
efetiva com os menos favorecidos", observou ainda. E lançou um desejo: "Que todos
os batizados se levantem e proclamem sua fé com orgulho, no respeito pela liberdade
dos demais, porém conscientes de que têm que passar a luz da fé para as novas gerações
da cultura digital. Que surja, sobretudo, um novo florescimento de homens santos e
de mulheres santas para a Nova Evangelização” afirmou o cardeal. O prefeito da
Congregação para os Bispos concluiu afirmando que os muitos males sociais que atingem
a América reclamam dos discípulos de Cristo um tratamento que elimine o vírus mortal
do egoísmo, da inveja e do ódio, exortando a lutar contra a exploração dos pobres,
o comércio ilícito, as leis injustas no que tange à imigração, à violência urbana,
à desagregação familiar, e muitas outras questões. Por fim, exortou a colocarmos
nas mãos de Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Mãe, as esperanças e os projetos que
nascem deste encontro em Roma, 15 anos após o Sínodo dos Bispos para a América e da
Exortação Pós-Sinodal Ecclesia in America. O documento de João Paulo II, aliás, insistia
neste ponto: na América como uma única realidade. E foi isso mesmo que afirmou aos
microfones da Radio Vaticano o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que participa
deste Congresso. Sobre o legado da Exortação Apostólica “Ecclesia in America”,
também prestou declarações o Secretário-Geral da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil, Dom Leonardo Stein. Passados quinze anos, o panorama religioso, cultural,
político e económico do continente mudou em alguns aspectos. Na esfera civil,
entre os aspectos positivos da América de hoje, assinala-se a crescente afirmação
em todo o Continente de sistemas políticos democráticos e a progressiva redução dos
regimes ditatoriais. Já em 1999, o avanço das seitas preocupava a Igreja em todo
o continente, assim como a questão ecológica: “Quantos abusos e prejuízos ecológicos
não há inclusive em muitas regiões americanas!”, lê-se no texto. Problemas como migração,
corrupção, consumo e comércio de drogas, corrida armamentista, respeito pelos direitos
humanos estão contidos na Exortação Apostólica.
Por isso, a opção de amar de
modo preferencial os pobres foi, mais uma vez, confirmada e apontada nas conclusões
deste Congresso Internacional “Ecclesia in America” que terminou esta semana no Vaticano.