Egito - Oposição não faz boicote ao referendo, mas apela ao não
A Frente Nacional de Salvação, que agrupa as principais forças de oposição no Egipto,
decidiu não boicotar o referendo à nova Constituição do pais, apelando ao voto no
“não” e impondo várias condições. A oposição é contra o documento porque este foi
redigido por uma assembleia constituinte dominada pelos islamistas, e onde não participaram
outras forças da sociedade egípcia. Segundo o jornal Público, para que os apoiantes
da FSN vão às urnas, a oposição exige que o processo de votação seja supervisionado
pela justiça, mas milhares de juízes já se declararam indisponíveis para participar
no referendo. Durante semanas, o país tem estado mergulhado numa crise política
depois do Presidente Mohamed Morsi ter aprovado um decreto (entretanto anulado) que
lhe garantia plenos poderes e o colocava acima da lei. Quase diariamente milhares
de pessoas – pró e anti-Morsi – têm-se manifestado nas ruas do Cairo e de outras cidades
egípcias. Apesar da votação já ter começado em embaixadas e consulados no estrangeiro,
a BBC diz que ainda não é certo que o escrutínio no país seja realizado nos próximos
dois fins-de-semana ou apenas no próximo dia 15. Uma das exigências da oposição
é que o voto se realize num único dia. A Frente de Salvação Nacional também quer,
segundo anunciou o opositor Hamdeen Sabbahi, a supervisão dos juízes, monotorização
feita por organizações não-governamentais nacionais e internacionais, presença suficiente
de forças de segurança e anúncio detalhado dos resultados assim que a contagem dos
votos terminar. A reunião de “diálogo nacional”, proposta pelos militares e que
deveria realizar-se esta quarta-feira, foi adiada para uma data a anunciar. Momentos
antes do anúncio deste adiamento, a oposição tinha feito saber que estava disposta
a participar na reunião, na qual estariam presentes o Presidente Morsi e dirigentes
da Irmandade Muçulmana.