A Comissão Permanente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), reunida
em sessão extraordinária de 3 a 5 de Dezembro últimos em Kinshasa para discutir sobre
as violências perpetradas pelos rebeldes do movimento M23, emitiu a mensagem “Povo
Congolês, levanta-se e salva a tua Pátria”. A mensagem descreve a dramática situação
da RDC e chama em causa cidadãos, políticos e comunidade internacional para que sejam
tuteladas a unidade e a paz no País. Particularmente trágica é a situação humanitária
de Kivu, região oriental da RDC.
Na longa mensagem os bispos reiteraram, pois,
o seu não - já manifestado no passado - à 'balcanização' do País; descrevem com clareza
"a deterioração dos direitos humanos", devido à violência, raptos, recrutamento de
crianças nos grupos armados, detenções ilegais, destruição do património nacional
e o deslocamento forçado da população. Ao mesmo tempo, a Igreja congolesa exprime
a sua desaprovação por uma governação que não responde às expectativas da população
e parece ceder a supostos "acordos de paz" com os grupos armados" que comprometem
a soberania e a integridade nacionais". "É inadmissível - lê-se no documento - que
tudo isso seja obra de compatriotas que se deixam manipular por interesses alheios",
"ignorando as legítimas instituições da República e minando a coesão nacional".
Ao
mesmo tempo, os bispos condenam "o recurso às armas como solução dos problemas", porque
"as atrocidades e as consequências das guerras passadas são a prova dos limites deste
método". Os rebeldes do M23 são por conseguinte convidados "a assumir a responsabilidade"
pelo seu agir, sabendo que "os seus actos criminosos não permanecerão impunes." Daí
a exortação que os Bispos lançam para que seja "reforçada a unidade nacional": "A
busca por uma solução - escreve a CENCO – deve sempre ser feita no âmbito da unidade,
que se deve salvaguardar e promover em favor de toda a população, sem privilegiar
um grupo em detrimento de outros. "A paz no país deve, portanto, " respeitar estas
condições".
Na última parte da sua mensagem, a Igreja na RDC reafirma que "a
integridade territorial constitui um dos deveres sagrados dos cidadãos" e que "a diversidade
das etnias é uma riqueza" que não deve ser "instrumentalizada" para criar discórdias.
Uma exortação é, em seguida, dirigida à classe política para que "assuma as aspirações
legítimas da população pela paz, dignidade e desenvolvimento", realizáveis também
graças a uma "boa governação e um exército de espírito republicano, capaz de defender
o País contra as ameaças dos grupos armados. "
Em vista de futuras negociações
com o M23, os Bispos consideram ainda "inaceitável qualquer acordo que hipoteque a
soberania nacional do Congo" e pedem que "as solicitações dos cidadãos, seja qual
for o grupo a que pertencem, sejam tidas em conta, em conformidade com a Constituição".
A comunidade internacional também é posta em causa: a ela o CENCO pede para que reconsidere
o mandato da MONUSCO, a missão da ONU no local, adaptando-a à situação actual, de
modo que "triunfem os princípios do direito internacional e da solidariedade, que
são a base de uma paz mundial. "Finalmente, exprimindo solidariedade para com as vítimas
da violência, os Bispos convidam os fiéis a evitar o desespero, apesar da gravidade
da situação, mas a confiar em Deus, "fonte da verdadeira paz."