Colômbia - negociações de paz em Cuba entre o governo e os rebeldes das FARC
O governo da Colômbia e as Farc retomarão, entre novas tensões, as suas negociações
de paz nesta quarta-feira em Havana, após uma pausa de cinco dias em que as autoridades
aumentaram a pressão sobre os rebeldes com declarações e acções militares.
A delegação da guerrilha, liderada por seu número dois Iván Márquez, disse na
terça-feira que o governo de Juan Manuel Santos demonstrou uma "incongruência política"
ao rejeitar o cessar-fogo de dois meses declarado pelos rebeldes no começo do diálogo,
no dia 19 de Novembro. "A sua resposta ao gesto das Farc é bélica", declarou Andrés
París, um dos negociadores do grupo, numa entrevista concedida à agência cubana Prensa
Latina.
París afirmou que os delegados do Comité Internacional da Cruz Vermelha
(CICV) atestaram que as colunas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
estão a respeitar o cessar-fogo, apesar de admitir que houve "pequenos incidentes
sem importância alguma". Entretanto o chefe da equipa de negociadores da Colômbia,
Humberto de la Calle, pediu nesta terça-feira às Farc que esclareçam a questão dos
reféns. "As Farc, disse, têm que responder às vítimas, têm que esclarecer a questão
dos sequestros e dos reféns", disse De la Calle, ex-vice-presidente da Colômbia (1994-1996),
no Palácio Presidencial de Bogotá.
O pedido ocorre após Sandra Ramírez,
viúva do líder e fundador das Farc Manuel Marulanda, afirmar à imprensa cubana que
a guerrilha tem no seu poder militares e agentes policiais colombianos que considera
"prisioneiros de guerra". Rodrigo Granda, um dos negociadores das Farc em Havana,
desmentiu as afirmações de Ramírez e reafirmou que a guerrilha já não tem qualquer
refém em seu poder.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)
anunciaram em Fevereiro passado a sua renúncia aos sequestros de civis e posteriormente
libertaram os últimos 10 agentes de polícia e militares que mantinham como reféns,
mas o Exército, a Polícia e diversas ONGs afirmam que a guerrilha ainda tem dezenas
de prisioneiros. A segunda ronda de negociações de paz entre o Governo e as FARC começa
nesta quarta-feira (dia 5), em Havana, após um diálogo de cinco dias, centrado no
tema agrário.