2012-12-04 15:08:13

Situação no Mali


Bastaram algumas semanas para três grupos armados unidos pela oportunidade tomarem o imenso território do Norte do Mali, em Março. Seguiu-se um golpe de Estado e o Mali é hoje um país onde o poder está dividido entre autoridades militares, líderes religiosos e responsáveis políticos fracos, e "a sociedade está completamente desestruturada", descreve Hans Hoebeke, do Royal Institute for International Relations (Egmont), um think tank de Bruxelas citado pelo jornal Público.
As autoridades interinas pediram ajuda à União Europeia e às Nações Unidas e está em marcha uma missão europeia de treino das tropas do Mali que tem como objectivo permitir a reconstrução do Exército. Em simultâneo, a Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) aprovou há três semanas o envio de 3300 militares que deverão ajudar o Exército na reconquista do Norte. Só falta a "luz verde" do Conselho de Segurança, mas ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobram dúvidas. "Questões fundamentais continuam sem resposta", escreveu Ban Ki-moon num relatório entregue ao Conselho. "Como será dirigida, mantida, treinada, equipada e financiada esta força?", por exemplo.
Ban Ki-Moon admite que uma acção militar "contra os mais extremistas será necessária" depois de esgotadas as vias da negociação e pede ao Conselho de Segurança que aprove a missão. A juntar aos seus problemas internos e às crises cíclicas provadas pela seca, os vizinhos do Mali viram-se desde Março a braços com uma crise de refugiados e com o nascimento de um novo refúgio para a jihad internacional no seu próprio território - para além de dois grupos tuaregues, o Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA, nacionalista e laico) e o Ansar Dine (islamista), por trás da captura do Norte do Mali esteve o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental, ligado ao ramo magrebino na Al-Qaeda, o AQMI.
Por tudo isto, impera a pressa em várias capitais e a União Africana protestou com Ban Ki-moon pelo tom do seu relatório. "O conteúdo parece estar aquém das expectativas do conjunto do continente", escreveu o presidente da organização, Thomas Boni Yayi, chefe de Estado do Benim. "Qualquer retrocesso no envio urgente de uma força internacional para combater o terrorismo no Norte do Mali será interpretado como sinal de debilidade" face aos terroristas, queixa-se. Paris também se irritou e na sexta-feira pediu ao Conselho de Segurança que aprove a mobilização do contingente africano até 20 de Dezembro - assim, seria possível enviar as tropas em Março, antes das temperaturas subirem demasiado.














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