Consep aprofunda reflexão sobre conjuntura social e política
Brasília (RV) - Os membros do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep) que têm
por definição estatutária da CNBB a missão de acompanhar a aplicação das Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil se dedicaram, na última parte da
manhã desta terça-feira, 27 de novembro, ao da conjuntura mundial e nacional. A assessoria
de política e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) ofereceram contribuições
para uma análise dos principais movimentos econômicos, políticos e culturais no mundo
e no país.
Essa análise é sistematicamente feita nas reuniões dos conselhos
da CNBB e na assembleia geral dos bispos e é sempre disponibilizada no site da Conferência
mesmo não se tratando de documento oficial. Entre os assuntos colocados em relevo
na análise da situação brasileira está a questão da Copa do Mundo e das Olimpíadas
com questionamentos sobre as obras, sobre os riscos que esses eventos podem trazer
para a população e os ganhos reais que deixarão para o país. Há deslocamento de populações
que ocupavam áreas que agora são usadas para a construção de arenas de esporte e uma
nuvem de preocupação está representada pelo risco de aumento de turismo sexual por
ocasião desses eventos.
Outro assunto destacado, referindo-se a recente celebração
do Dia da Consciência Negra, foram os avanços da luta pela igualdade racial com especial
atenção aos estudantes negros por meio das cotas e pela demarcação, ainda que mínima,
de terras de populações quilombolas. O Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner,
reforçou a importância da eleição do ministro Joaquim Barbosa para a presidência do
Supremo Tribunal Federal como afirmação da força dos negros e da população mais pobre
do país. Os grandes desafios que exigem mudanças e que permanecem na área da violência
doméstica, por exemplo.
Padre Geraldo Martins, assessor de política da CNBB,
fez um rápido relato de notícias do Congresso. Ele destacou seis temas. Primeiro:
a CPMI do Cachoeira. A dificuldade em ler o relatório está na falta de acordo entre
os parlamentares da Comissão que deve Indiciar 34 pessoas, incluindo o Carlos Cachoeira.
A CPMI termina os trabalhos em 03 de dezembro. Segundo: CPI da pedofilia. Predomina
o encaminhamento do aumento do rigor na pena sobre os agressores. Terceiro: Comissão
da Verdade. Tratam de investigar assuntos relacionados à participação das religiões
nos eventos analisados pela Comissão. Quarto: Plebiscito da redução da maioridade
penal. Esse projeto está no Senado aguardando relator e preocupa especialmente a Pastoral
do Menor e outras. Quinto: Marco civil da internet. O tema não tem consenso, por enquanto.
E o grande medo é o da censura. Sexto: PEC das empregadas domésticas. Mesmo com algumas
discussões problemáticas a respeito do assunto, é preciso registrar que foi um avanço
na luta pela valorização das trabalhadoras.
Os bispos receberam informações
mais detalhadas de como foi realizado e o sentido do Seminário sobre o Marco Regulatório
realizado pela CNBB no início do mês, em Brasília e que contou com a participação
do ministro chefe da secretaria geral da presidência da República, Gilberto Carvalho.
Entre as importantes contribuições do Seminário está a de "reconhecer explicitamente
a existência e o papel das organizações religiosas, e de outras organizações vinculadas
às Igrejas, como atores de participação ativa na sociedade por seu poder de organização,
mobilização e autonomia nos processos de desenvolvimento social e democrático no país".
(MJ/CNBB)