CNBB: atuação da Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
Brasília (RV) - Conhecida como “comissão um” da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a
Vida Consagrada representa a atenção do episcopado brasileiro com as vocações, ministérios
e a vida consagrada. Atualmente presidida por Dom Pedro Brito Guimarães, a Comissão
tem como foco de suas ações a promoção das vocações e ministérios, bem como acompanhar
os religiosos e institutos seculares.
No artigo a seguir, o assessor da Comissão,
Padre Deusmar Jesus da Silva, apresenta um histórico da atuação da CNBB neste campo
ao longo dos últimos 60 anos.
COMISSÃO EPISCOPAL PASTORAL PARA OS MINISTÉRIOS
ORDENADOS E A VIDA CONSAGRADA
Olhando os documentos da Igreja, percebemos que
o planejamento pastoral foi sempre um valioso instrumento pedagógico que a CNBB encontrou
para animar e articular a ação pastoral em nível nacional e regional a partir das
Igrejas locais, garantindo, ao mesmo tempo, a presença da Igreja numa sociedade em
profundo processo de transformação. A primeira experiência de planejamento pastoral
nasceu em 1962 com o Plano de Emergência em pleno clima conciliar. Importante observar
que o Plano de Emergência já apresentava uma preocupação vocacional, pois, entre as
quatro áreas prioritárias apontadas por este documento para a atuação eclesial, a
segunda área denomina-se: “Para uma renovação do Ministério Sacerdotal”. De 1966
a 1970, a Igreja no Brasil trabalhou sob as orientações do Plano de Pastoral de Conjunto.
Estas orientações foram prorrogadas em 1970 e atualizadas em 1975. O Plano de Pastoral
de Conjunto inaugurou o esquema das seis linhas pastorais, a saber: Linha 1: Unidade
Visível; linha 2: Educação da Fé; linha 3: Ação Missionária e evangelização em setores
especiais da pastoral; linha 4: Liturgia; linha 5: Ação Ecumênica e diálogo religioso;
e linha 6: Presença no mundo. O setor vocacional fazia parte da linha 1, também faziam
parte desta linha, o setor estruturas da Igreja, setor vida religiosa, setor institutos
seculares e novas formas de vida consagrada, o setor leigos e o setor juventude. Na
segunda metade da década de 1970, encontramos nos planos bienais dentro dos vários
setores da linha 1, relacionados com as vocações e ministérios, projetos que tratam
sobre: conselhos presbiterais, atualização teológica, pastoral e espiritual dos presbíteros,
atualização para Bispos, capacitação de animadores vocacionais, reflexão sobre pastoral
vocacional, formação para o presbiterado, reflexão sobre a força evangelizadora da
vida religiosa, vida contemplativa feminina, levantamento das novas formas de vida
consagrada no mundo. No final da década de 70 e início de 80, percebemos nos projetos
do setor vocações e ministérios, uma preocupação com o diálogo entre teólogos e bispos,
a assimilação e aplicação de Puebla e Diretrizes Gerais da Ação Pastoral, as implicações
que a opção preferencial pelos pobres traz à vida e ministério dos presbíteros, o
ministério da coordenação, o ministério diaconal no Brasil e os ministérios novos
nas bases populares. No início da década de 1980, a Igreja propõe uma ação pastoral
a partir das seis linhas com uma nova denominação, a saber: Linha 1: Dimensão comunitária
e participativa; linha 2: Dimensão Missionária; linha 3: Dimensão Catequética; linha
4: Dimensão litúrgica; linha 5: Dimensão ecumênica e de diálogo religioso; linha 6:
Dimensão profética e transformadora. Os setores: Vocação e Ministérios, Leigos e Estruturas
da Igreja, fazem parte da linha 1. São atividades permanentes do setor Vocações
e Ministérios: 1) Incentivar e aprofundar a compreensão da vocação cristã a ser vivenciada
nas várias vocações específicas; 2) Aprofundar o sentido e acompanhar a práxis dos
ministérios exercidos pelos leigos; 3) Acompanhar a Comissão Nacional do Clero; 4)
Acompanhar a Comissão Nacional dos Diáconos; 5) Colaborar com a Conferência dos Religiosos
do Brasil e a Conferência Nacional dos Institutos Seculares, no âmbito das respectivas
conferências; 6) Apoiar os cursos para formadores de seminários e implementar juntamente
com a Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB), encontro de formadores
e outros eventos relacionados à formação nos seminários; 7) Promover a Pastoral Vocacional
e acompanhar as atividades dos regionais no campo da promoção e formação vocacional;
8) Manter fraterno relacionamento com o setor Vocações e Ministérios do CELAM. Ainda
na década de 1980, o setor Vocações e Ministérios com a Comissão Nacional do Clero
e as comissões regionais, promovem o primeiro Encontro Nacional de Presbíteros. Com
a OSIB, são promovidos encontros com os formadores de seminários e com os bispos representantes
do setor seminários nos regionais. O setor promoveu também encontros nacionais de
Pastoral Vocacional, encontros de Bispos recém ordenados, encontros nacionais das
escolas diaconais, cursos de reciclagem para presbíteros diocesanos e cursos para
bispos. O setor para as Vocações e Ministérios, no início da década de 1990, assume
como atividades permanentes, além das assumidas nos planos bienais da década anterior:
1º) integrar a Pastoral Vocacional no conjunto da Pastoral Orgânica, privilegiando
as pastorais da Juventude, Catequese e Família, organismos (OSIB, CNC e CND), conferências
(CRB e CNIS) e movimentos (SERRA); 2º) Apoiar o Conselho Nacional de Leigos no seu
esforço de organização e formação; 3º) Ajudar a criar uma consciência sempre maior
de um trabalho integrado entre Pastoral Vocacional, formação inicial e permanente
dos presbíteros e diáconos, buscando mútuo diálogo entre organismos e conferências,
tais como: OSIB, CNC, CND, CNL, CRB e CNIS. Também, no início da década de 1990 acontece
o Sínodo dos Bispos sobre a formação presbiteral e à luz da exortação pós-sinodal
Pastores Dabo Vobis. O setor Vocações e Ministérios empreendeu a atualização do documento
30 da CNBB, que culminou com a publicação das novas Diretrizes Básicas da Formação
Presbiteral da Igreja no Brasil (Doc. 55). Os Planos Bienais do final da década desta
década mudam a nomenclatura referente à comissão dos presbíteros para Comissão Nacional
dos Presbíteros (CNP) e apresentam um projeto de elaboração das Diretrizes Básicas
do Diaconado Permanente. O Plano Bienal para os anos 2000 e 2001, apresenta como
um dos objetivos da dimensão comunitária e participativa, aprimorar a formação de
bispos, presbíteros, diáconos permanentes, leigos/as e de agentes específicos para
que participem com mais eficácia da missão global da Igreja. Dentro do setor Vocações
e Ministérios, acrescenta em suas atividades o contato permanente com a direção e
o conselho de alunos do Colégio Pio Brasileiro e o acompanhamento e atenção aos Bispos
Eméritos. Em 2003 acontece a primeira reunião ampliada do Setor Vocações e Ministérios
com a participação da CND, CNP, OSIB e de representantes da CRB, CNIS e também do
Conselho Nacional de Leigos (CNL). A partir do 17º Plano Bienal (2004–2005), o
Setor Vocações e Ministérios recebe uma nova denominação, a saber: Comissão Episcopal
para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada. No 18º Plano Bienal (2006-2007)
aparece também o termo Pastoral e, a partir de então, prevalecendo até hoje, a comissão
é denominada: “Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida
Consagrada”. Desta comissão fazem parte a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB),
a Conferência Nacional dos Institutos Seculares (CNIS), a Organização dos Seminários
e Institutos do Brasil (OSIB) a Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), o Serviço
de Animação Vocacional (SAV) / Pastoral Vocacional (PV), a Comissão Nacional dos Diáconos
(CND) e os Bispos Novos e Eméritos. Percebemos que, desde a fundação da CNBB, a
preocupação com as vocações, ministérios e a vida consagrada esteve presente nos planos
de pastoral e projetos da Igreja no Brasil. Foram muitos os Bispos, presbíteros, religiosos
(as) e assessores que trabalharam no setor prestando este serviço de suma importância
para a caminhada da Igreja. Sem diminuir a importância de todos os projetos e atividades
de cada conferência ou organismo da comissão, para o quadriênio 2012 – 2015 queremos
destacar: o Encontro Nacional para a Vida Monástica e Contemplativa, o Encontro de
Bispos e Formadores sobre a experiência missionária com seminaristas, o Seminário
nacional sobre a formação Sacerdotal, o Simpósio Vocacional, a rearticulação da Pastoral
Vocacional no Brasil e o trabalho coordenado pela comissão para a criação da Comissão
para os Bispos Eméritos. Procurando dar continuidade ao trabalho de longos anos
e articular melhor todas as forças vivas a serviço das vocações, ministérios e vida
consagrada, a Comissão tem como eixo condutor: “A partir de Jesus Cristo, Verbo encarnado,
à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), comprometemo-nos
a ser uma Igreja servidora, que nos chama a estar com Ele, formando e enviando em
missão”. (SP-CNBB) Pe. Deusmar Jesus da Silva Assessor da CMOVC