Ong inglesa alerta para o ‘lado B’ dos biocombustíveis no Brasil
Cidade do Vaticano (RV) – A Survival International, Ong inglesa que luta pela
causa dos índios no Brasil e de outros povos ameaçados no mundo inteiro, denunciou
na última semana que a subsidiária brasileira em Mato Grosso do Sul da gigante estadunidense
Bunge, utiliza cana-de-açúcar produzida em terras contestadas pelos índios para a
produção de biocombustíveis.
A Survival International ouviu os dois lados envolvidos
na questão: índios e Bunge. Os Guarani disseram que não querem cana-de-açúcar em
suas terras ancestrais pois “ela machuca a nossa saúde, incluindo a saúde de nossos
filhos e dos anciões, e o veneno contamina a água”.
Por outro lado, ainda
de acordo com a Survival International, a Ong escreveu à Bunge e obteve como resposta
a certeza de que “a companhia, sem demostração alguma de remorso, afirmou que continuaria
a retirar a cana-de-açúcar da terra ancestral Guarani até que as autoridades brasileiras
demarcassem completamente a área como indígena”.
O diretor da Survival International,
Stephen Corry, afirmou que “muito do biocombustível brasileiro está manchado por sangue
indígena. Aqueles que o usam, deveriam saber que a sua escolha ‘ética’ está contribuindo
para a morte e destituição absoluta de índios Guarani. A Bunge deveria seguir o exemplo
da Shell e se retirar da terra Guarani, sem esconder-se em desculpas de um reconhecimento
oficial da terra, o qual poderia levar décadas”.