Universidade Centro Americana recorda 23 anos do assassinato de 6 jesuítas
El Salvador (RV) - Há exatos 23 anos, em plena guerra civil em El Salvador,
soldados do batalhão anti-guerrilha ATLACATL, treinados nos Estados Unidos, invadiram
a Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA) e assassinaram o reitor, o
jesuíta espanhol Ignacio Ellacuría, junto a 5 outros religiosos. Também foram mortas
a cozinheira e sua filha de 15 anos. Inicialmente o governo tentou atribuir a chacina
à guerrilha “Frente Faribundo Marti para a Liberação Nacional (FMLN), partido atualmente
no poder.
Carlos Ayala Rodriguez, diretor da emissora universitária Rádio Ysucca
– um dos projetos mais amados pelo reitor mártir Ellacuría -, recordou em artigo
publicado pela Agência Adital, que o bispo na época, Dom Arturo Rivera Dantas, definiu
a tragédia como “um duro golpe para a Igreja, pois os jesuítas dedicaram parte de
sua vida à formação do clero, para a Companhia de Jesus. À luz do Concílio Vaticano
II, Medellín e Puebla, haviam feito a opção preferencial pelos pobres. Eram atentos
à realidade política do país. Denunciavam a injustiça social e faziam propostas de
mudanças”.
O tema escolhido neste ano para recordar os mártires da Universidade
Centro Americana - “Um retorno aos pobres por amor é um retorno ao Evangelho” -, torna
atual esta entrega radical. Há 23 anos do ocorrido, destaca Ayala, ainda está aberta
a reflexão sobre a Universidade que os mártires nos deixaram, ou seja, “uma força
social a serviço da verdade, da justiça, da libertação e da humanização”.
Pela
chacina foram processados 1 coronel, 2 tenentes, 1 sub-tenente e cinco soldados. Sete
foram absolvidos e dois condenados. O coronel Guillermo Benavides e o tenente Yusshy
Mendoza foram condenados a 30 anos de prisão. Porém logo em seguida, foram beneficiados
pela anistia de 1993 do então presidente Alfredo Cristiani (1989-1994), poucas horas
antes da publicação de um relatório da Comissão da Verdade da ONU, que atribuiu a
responsabilidade pela tragédia à cúpula militar. A Universidade Centro Americana continua
a lutar pelo esclarecimento do massacre. (JE)