Portugal: Bispos preocupados com consequências da austeridade
Fátima (RV) - A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou esta quinta-feira
a sua preocupação perante as consequências da austeridade sobre a população e apelou
a uma “cultura do diálogo” para superar a atual crise econômica.
“Os bispos
alertam quem tem a nobre missão de governar o nosso país para uma justa aplicação
das medidas com vista à recuperação da economia e finanças, em que sejam poupados
os que já vivem sob o peso de asfixiante austeridade”, refere o comunicado final da
assembleia plenária do organismo, que se realizou em Fátima desde segunda-feira.
O
órgão máximo do episcopado católico em Portugal pede a “prática de uma cultura do
diálogo e da procura do bem comum, ultrapassando individualismos pessoais ou de grupo”,
para que se superem “protagonismos e querelas sociais e políticas que, sem nada solucionar,
criam um clima que dá a sensação de impasse ou de continuação indefinida da crise
atual”.
Neste sentido, a CEP destaca a “importância da explicação, clara e
prévia, das medidas que se tomam e das razões que as determinam”.
O Vice-Presidente
do organismo episcopal, Dom Manuel Clemente, frisou em conferência de imprensa a importância
de "dar a cada um o que lhe é devido", com atenção a "quem mais precisa", e a necessidade
de maior "pedagogia social" para que se possam entender os problemas que afetam a
sociedade.
O bispo do Porto condenou ainda a violência que se verificou esta
quarta-feira diante do Parlamento, após uma manifestação de protesto em dia de greve
geral, sublinhando que estes atos são "uma injustiça" pelos danos que provocam.
"Perdemos
todos (...), a violência é sempre perdedora e enfraquece as causas, nunca é meio para
nós resolvermos os assuntos", referiu. Os membros do episcopado dizem sentir como
seus os “os sofrimentos e angústias dos que padecem mais duramente as consequências
da atual crise” e precisam que a solidariedade da Igreja Católica se tem manifestado
“sobretudo no cuidado aos mais débeis e necessitados, vítimas de antigas e novas pobrezas,
através de múltiplas obras e iniciativas no campo social e caritativo”.
Os
bispos elogiam ainda os que, “nesta presente difícil situação”, são “criadores de
emprego e promotores de desenvolvimento”, bem como “as famílias solidárias que acolhem
e ajudam os seus membros mais debilitados, particularmente por desemprego ou incapacidade
de pagarem os empréstimos”.
As felicitações estendem-se ainda aos que trabalham
em obras de assistência e promoção social, “quer da Igreja, quer da sociedade civil,
muitas vezes em voluntariado, oferecendo pão e amor, essenciais para uma vida digna”.
O
documento final cita o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, que como presidente da
Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, “expressou solidariedade
com o grande número de pessoas que se veem obrigadas a abandonar o País, optando pela
emigração”.