Conferência internacional debate segurança alimentar em regiões áridas
Doha (RV) - “Os conflitos, as frequentes secas e a flutuação dos preços dos
alimentos mantém a África e o Oriente Médio em uma armadilha de fome”. Foi o que afirmou
nesta quarta-feira em Doha, no Catar, o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva,
na Conferência Internacional sobre Segurança Alimentar nas Zonas Áridas. A conferência,
de dois dias, reúne governos, instituições acadêmicas, agências de desenvolvimento
e bancos, sociedade civil e setor privado de 60 países, com o objetivo de debater
sobre a segurança alimentar, água e investimentos em países de regiões áridas. O
encontro pretende elaborar recomendações para ações nas áreas estudadas que possam
servir a futuras políticas, estratégias e investimentos, capazes de impulsionar a
produção agrícola e melhorar a segurança alimentar, assim como encontrar mecanismos
de controle à flutuação dos preços. Admitindo que a batalha contra a fome na África
e no Oriente Médio está sendo perdida, Graziano da Silva assinalou que o número de
pessoas que padecem de fome nestas regiões chegou a 275 milhões, ou seja, um incremento
de 83 milhões desde o início da década de 90.
O diretor da FAO também advertiu
que “a degradação dos recursos naturais em países com zonas áridas ameaça a mais de
2 milhões de pessoas”. Por este motivo, exortou a comunidade internacional a trabalhar
em estreita colaboração com estes países para romper o círculo vicioso da fome, destacando
medidas que deveriam ser adotadas nas áreas de gestão de recursos naturais, agricultura
sustentável, investimentos em comunidades rurais e desenvolvimento sustentavel.
“Na
Conferência Rio +20 sobre desenvolvimento sustentável, realizada em junho passado,
os líderes mundiais divulgaram uma mensagem muito clara de que o desenvolvimento não
será sustentável enquanto centenas de millares de pessoas seguem excluidas, padecendo
de fome e pobreza extrema”, recordou Graziano.
A Conferência Internacional
sobre Segurança Alimentar nas Zonas Áridas é organizada pelo Programa Nacional de
Segurança Alimentar do Catar, com o apoio da FAO e outras organizações. (JE)