2012-11-13 16:06:58

A ajuda do Papa aos refugiados sírios no testemunho do Cardeal Sarah


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De regresso da sua missão especial a Beirute o Cardeal Robert Sarah contou aos microfones da Radio Vaticano essa experiência de inestimável valor, começando por se referir ao modo como foi acolhida a iniciativa do Papa pelas autoridades relilgiosas e civis no Libano:

R.- Muito bem, muito bem. Encontrei-me com o presidente da Republica do Líbano que ficou muito contente por esta iniciativa do Santo Padre e viu nesta iniciativa uma continuação da sua visita ao Líbano. Também a Igreja local ficou muito tocada por esta missão querida pelo Santo Padre para estudar o que podemos fazer para ajudar a população da Síria que se encontra no Líbano em condições humanas e sanitárias muito difíceis.

P.- Eminência o que a impressionou mais no seu encontro com os refugiados sírios no Líbano?

R.- O que é muito tocante é que os campos não têm água, nem luz, nem medidas higiénicas e a população da síria é composta em grande parte por mulheres e crianças. Fiquei verdadeiramente impressionado quando vi uma mulher com uma criança de quatro meses que me disse: "Levai-o", apenas para conseguir salvá-lo desta situação. Ver uma mulher com o seu filho que chora é algo realmente tremendo. Uma outra mulher com o véu islâmico que tinha sido ajudada chorava e disse-nos que chorava porque se tinha sentido tratada como um ser humano e que assim reencontrou a dignidade coisa que, disse, nunca tinha acontecido com a sua comunidade religiosa.

P.- Estas pessoas de que é que têm concretamente necessidade hoje?

R.- Têm necessidade sobretudo de comida, de medicamentos, de água, de electricidade, porque quando é de noite não se vê mesmo nada. Daqui a pouco chega o inverno e, portanto, terão necessidades também de roupas e de aquecimento. Procuramos com a Caritas Libano, pelo menos para os primeiros tempos, de dar alguma coisa que possa ser útil para eles.

P.- Estes refugiados temem uma mudança integralista islâmica?

R.- Os cristãos temem muito esta possibilidade e precisamente por isso preferem não registarem-se nos campos: preferem ir para as famílias ou para as paróquias. Alguns até me falaram de maus tratos. Não são apenas os cristãos a terem medo: também a Igreja teme que daqui a pouco não haja um único cristão naquela região.

P.- Um milhão de dolares oferecidos pelo Papa. Como foi feita a distribuição pelas varias agências caritativas católicas?

R.-É uma pequena gota, quando se vêem as necessidades. Mas foi uma oferta muito apreciada pela população. Demos prioridade à Síria porque são mais de dois milhões os refugiados no interior do país. Portanto, para a Síria foram 700 mil dolares e para as outras Cáritas (Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque) os restantes 300 mil dolares.

A guerra civil na Síria parece estar para continuar. Tanto as tropas governamentais como os rebeldes estão dispostos a tudo para a vitória. O Cardeal Sarah confidenciou-nos ainda que o facto da oposição ter-se unificado poderá ser um elemento positivo pois sabe-se agora qual será o interlocutor em caso de negociações. Nunca esquecendo o que o Santo Padre disse sobre o assunto: "Amanhã poderá ser tarde demais".







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