Papa à Interpol: "Reforçar a colaboração na luta contra o terrorismo e a criminalidade"
Cidade do Vaticano (RV) - "A sociedade justa exige também ordem por uma pacífica
e serena convivência civil", disse o Papa aos participantes da 81ª Assembleia Geral
da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) recebidos em audiência,
nesta sexta-feira, no Vaticano.
Bento XVI condenou com veemência fenômenos
como o terrorismo e o crime organizado, considerados pelo pontífice "uma ofensa a
toda a humanidade". Além da cúpula da Interpol, também participou do evento a Ministra
do Interior da Itália, Anna Maria Cancellieri.
"É um dever reprimir o crime
no contexto das normas morais e jurídicas, porque a ação contra a criminalidade deve
ser sempre conduzida no respeito pelos direitos humanos" – disse Bento XVI.
Em
seu discurso, o Santo Padre pediu uma maior colaboração internacional no combate ao
crime e se deteve sobre as diferentes formas que a violência assumiu em nossa época,
depois das grandes esperanças suscitadas pelo fim da Guerra Fria.
"As formas
mais graves de criminalidade podem ser identificadas no terrorismo e no crime organizado.
O terrorismo é uma das formas mais brutais de violência, semeia ódio, morte e desejo
de vingança. Esse fenômeno, de subversiva estratégia típica de algumas organizações
extremistas, transformou-se numa rede obscura de cumplicidades políticas, utilizando
também meios tecnológicos sofisticados, importantes recursos financeiros e desenvolveu
projetos de grande escala" – frisou o Papa.
Bento XVI condenou o tráfico de
pessoas, forma moderna de escravidão, bem como o tráfico de remédios usados principalmente
pelos pobres que matam em vez de curar. "Um comércio que se tona mais abominável quando
se trata de órgãos humanos de vítimas inocentes. Esses crimes quebram as barreiras
morais da civilização e repropõem uma forma de barbárie que nega o ser humano e sua
dignidade" – destacou ainda o pontífice.
O Santo Padre reiterou que "a violência
é sempre inaceitável, pois fere profundamente a dignidade humana".
"A luta
contra a violência deve certamente coibir o crime e defender a sociedade, mas cuidar
também do arrependimento e correção do criminoso que é sempre uma pessoa humana e
não deve ser excluído da sociedade, mas recuperado. Ao mesmo tempo, a colaboração
internacional contra o crime não pode se limitar apenas em operações policiais. É
essencial que a necessária obra repressiva seja acompanhada pela atenção aos fatores
de exclusão social e indigência que podem fomentar a violência. A resposta contra
violência e ao crime não pode ser delegada somente à Polícia, mas requer a participação
de todos os sujeitos que podem incidir sobre esse fenômeno" – disse ainda o Papa.
"Combater
a violência é um compromisso que deve envolver não só as instituições e organismos,
mas a sociedade como um todo, incluindo as entidades religiosas. Cada um tem a sua
parcela específica de responsabilidade por um futuro de justiça e de paz" – frisou
Bento XVI.
No momento da saudação, o Papa manifestou sua gratidão à Interpol
pela colaboração com a Gendarmaria vaticana, especialmente nas viagens apostólicas
internacionais. (MJ)