Cidade do Vaticano (RV) - Apesar de um momento de crise, no mundo os gastos
militares já ultrapassam 1,7 trilhões de dólares. A denúncia está contida em um livro
de pesquisa intitulado “armas um assunto de Estado”, publicado pela Chiare Lettere
e que revela como a produção e o comércio de armas sejam dominados quase totalmente
pelas escolhas políticas dos governos. O livro chama a atenção, pela primeira vez,
como funciona o sistema corrupto de compras e revela os nomes da potente lobby que
domina o mercado.
Francesco Vignarca, um dos autores e coordenador da rede
nacional italiana para o desarmamento foi entrevistado pela Rádio Vaticano e afirmou
que estamos habituados a pensar que “quando se compram ou se vendem armas, estejam
envolvidos traficantes e interesses obscuros”. Segundo Vignarca temos de mudar o paradigma,
e isso é o que tentamos escrever no livro.
Em 2011 – destaca ainda o livro
– superou-se o teto de 1,7 trilhões de dólares – mais de duas vezes o orçamento normal
das Nações Unidas - que os Estados destinam às despesas militares e destes mais de
400 bilhões foram dedicados a comprar armamentos.
ara o coordenador da rede
nacional italiana temos de distinguir entre aqueles que gastam muito em armamento,
e aqui estão obviamente na liderança os Estados Unidos, mas também cada vez mais as
chamadas economias emergentes - portanto, China, Brasil e Índia -, e sem se esquecer
da tradicional Rússia e das habituais Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália.
“Devemos
também fazer a diferença – acrescenta o autor do livro – entre quem produz – e quem
produz são na maioria os países ocidentais e portanto, mais uma vez EUA, Grã Bretanha,
França, Alemanha e Itália, além da Rússia – e quem compra, que são cada vez mais os
lugares instáveis do planeta, ou seja, os países do Oriente Médio – e não se deve
se surpreender depois, quando ocorre algo, ou explode uma guerra civil, sejam precisamente
as nossas armas que disparam – ou em o países como a Índia e o Paquistão”. No ano
passado a Índia se tornou a maior compradora mundial de armamentos. (MP)