Londrina (RV) - Com o título “Dia dos Finados e a Fé”, Dom Orlando Brandes,
arcebispo de Londrina, no Estado do Paraná, afirma em seu mais recente artigo que
o Ano da Fé, que estamos vivendo, é a luz que ilumina o Dia dos Finados, celebrado
nesta sexta-feira, dia 02 de novembro. Para ele, a celebração do dia dos mortos é
uma oportunidade impar para uma catequese sobre a fé, pois tudo que se realiza neste
dia tem sua fonte na fé.
O prelado explica que antes de qualquer coisa temos
que ter fé na ressurreição, pois nossa morte é nossa Páscoa. “Para o cristão não existe
só a morte. Somos testemunhas da fé na ressurreição. Assim, o dia dos mortos é dia
de confissão de fé na vida eterna, no céu, no futuro, na ressurreição, na esperança.
Cremos um dia estar com Cristo no céu”, ressalta o arcebispo.
Dom Orlando
ainda destaca que em segundo lugar temos que ter fé na comunhão dos santos, pois nossa
fé não permite crença na reencarnação. “Cremos que os mortos, os santos, são nossos
advogados, intercessores, nossos bons anjos. Rezamos por eles e eles por nós. Que
beleza, que prodígio. A fé une a Igreja peregrina padecente e triunfante, ou seja,
a Igreja na terra, no purgatório e no céu”, afirma. Em terceiro lugar, segundo o prelado,
é preciso ter fé na remissão dos pecados. Para o arcebispo, Deus quer salvar a todos
e concede a todos a graça suficiente, fazendo com que a Igreja abra todas as portas
do perdão na hora da morte, porque é hora da decisão definitiva.
“Nossos túmulos
são escolas de reflexão sobre nossa fragilidade e santuários que preservam a dignidade
humana. Os mortos nos dizem: ‘Eu era o que tu és, tu serás o que sou'. Lembremos que
o bem, o amor, a Palavra permanecem e que Deus não passa”, completa Dom Orlando. O
arcebispo ressalta também que devemos crer que o céu é preparado na terra pelas boas
obras, pela reta consciência e reta intenção, pelo amor fraterno especialmente aos
pobres e sofredores.
“Na terra preparamos o céu. Tudo tem sentido e valor,
sob a luz da fé”. De acordo com ele, em quinto lugar devemos ter fé na vida, pois
a morte não tem domínio, não tem a vitória, o poder final. “Ela é relativizada pela
fé na ressurreição. Nossa vida não é tirada, mas, transformada. A vida não acaba,
entra em outra dimensão”, acrescenta. Em sexto lugar, segundo Dom Orlando, vem a fé
nas promessas de Deus, pois sabemos que Deus não mente, não engana, nem se engana,
e que em Jesus Cristo, Ele cumpriu todas as suas promessas. “Ele nos adotou como filhos
e quer que tenhamos comunhão, amizade, convivência com Ele. Ele é o Deus dos vivos.
Lutemos contra a cultura da morte. Evitemos a pior morte que é o pecado grave e peçamos
a morte mística que é a superação do egoísmo, o esvaziamento do nosso ego”.
Por
fim, em sétimo lugar, o arcebispo enfatiza a importância de termos fé nas Sagradas
Escrituras. “Tudo o que dizemos sobre a vida após a morte, tem seu fundamento nas
Escrituras, na Palavra de Deus. O próprio Jesus se referia às Escrituras para falar
da sua ressurreição. As coisas últimas, morte, juízo, purgatório, inferno e céu são
realidades reveladas ou fundamentadas nas Escrituras”, avalia ele.
O prelado
recorda ainda que Santo Agostinho rezou diante do túmulo: “Nós vivemos neste mundo,
tu agora vives no mundo do Criador, o céu. O fio entre nós não foi cortado. Estou
apenas fora das vossas vistas, mas estamos em comunhão”. “Que frase você gostaria
de colocar na sua sepultura? Eis uma sugestão: Passei fazendo o bem”, conclui Dom
Orlando. (SP)