A fé é um ato ao mesmo tempo pessoal e comunitário : Papa na audiência geral, na Praça
de São Pedro
Não obstante o frio que já se faz sentir na capital italiana e as ameaças de chuva,
numeroso peregrinos encheram a Praça de São Pedro, onde teve lugar, nesta quarta-feira,
31 de Outubro, a audiência semanal do Santo Padre com fieis e peregrinos provenientes
de várias partes do mundo. *Partindo da tendência, hoje muito difundida, a relegar
a fé para a esfera pesso-se longamente a explicar a razão disto. Recordou, antes
de mais, que a fé é um dom de Deus que nos é transmitido através da comunidade crente,
isto é a Igreja. Esta insere-nos na multidão dos crentes, uma comunhão que não é apenas
sociológica, mas radicada no amor de Deus. A nossa fé, disse, é realmente pessoal
só se for comunitária, porque se, por um lado, dizemos creio (na primeira pessoa),
por outro é na comunidade eclesial que a dizemos. A Igreja é, portanto, o lugar de
transmissão da fé, o lugar em que, através do baptismo somos imergidos no Mistério
Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, que nos liberta da prisão do pecado, nos
doa a liberdade de filhos, e nos introduz na comunhão com Deus vir a Igreja como Mãe.
A fé nasce na Igreja, conduz à Igreja e vive nela. É importante recordar isto – disse
Bento XVI, que resumiu, como habitualmente, a sua catequese em várias línguas, entre
as quais o português. Ouçamos…
Queridos
irmãos e irmãs, A fé, dom de Deus que transforma a nossa existência, não
é uma realidade de caráter exclusivamente individual. O meu crer, a minha fé, não
é o resultado de uma reflexão pessoal, mas o fruto de um diálogo com Jesus que se
dá na comunidade de fé que é a Igreja. De fato, desde o dia de Pentecostes, quando
o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, a Igreja não cessa de cumprir a sua missão
de levar o Evangelho a todos os cantos da terra. A Igreja é o espaço da fé: o espaço
no qual, pelo batismo, nos inserimos no Mistério Pascal de Cristo, entrando em comunhão
com a Santíssima Trindade. Por isso, precisamos da Igreja para ter a garantia que
a nossa fé corresponde à mensagem originária de Cristo, pregada pelos Apóstolos; precisamos
da Igreja para poder fazer uma experiência dos dons de Deus: da sua Palavra, dos Sacramentos,
da ação da Graça e do seu Amor. Quando o nosso “eu” entra no “nós” da Igreja, então
fazemos a experiência do comunhão com Deus, que funda a comunhão entre os homens.