Roma (RV) – A recente proposta do Cardeal Filoni, Prefeito da Congregação para
a Evangelização dos Povos, de se criar uma Comissão de alto nível entre a China Popular
e a Santa Sé para debater questões não resolvidas que interessam a vida dos católicos
chineses representa “uma grande esperança para o futuro”: é a convicção expressa pelo
Bispo de Hong Kong, Cardeal John Tong. O purpurado chinês, que esteve nas últimas
quatro semanas em Roma como Presidente Delegado da Assembleia sinodal sobre a Nova
Evangelização, disse à agência Fides que está rezando para que as autoridades chinesas
– às vésperas de um crucial Congresso do Partido Comunista – acolham como “gesto de
amizade” o alcance das considerações feitas pelo Prefeito do dicastério vaticano para
a evangelização num artigo publicado na revista trimestral “Tripod”, da Diocese de
Hong Kong.
No artigo, o Cardeal Filoni refletia sobre os acontecimentos do
catolicismo chinês nos últimos cinco anos, isto é, desde a publicação da Carta escrita
pelo Papa Bento XVI aos católicos da China em 2007, sugerindo entre outras coisas
a busca de “um novo modo de dialogar” entre a Santa Sé e o governo de Pequim, citando
a esse propósito as atuais Comissões bilaterais entre a China popular e Taiwan e aquela
criada entre a Santa Sé e o Vietnã. Também para o Cardeal Tong “o diálogo é necessário,
porque sem ele não se consegue resolver nenhum dos problemas ainda abertos, enquanto
através do diálogo podem cair incompreensões e equívocos”.
O bispo de Hong
Kong apresenta como exemplo os casos das ordenações episcopais ilegítimas impostas
à Igreja que está na China: “a nossa preocupação por causa destes fatos” explica o
cardeal à Fides, “nasce do fato de que estas ordenações ferem a Igreja num ponto essencial
de sua própria natureza. Com o diálogo pode-se explicar que os bispos não são funcionários
políticos de uma estrutura. Também para sacerdotes, antes de serem ordenados, precisam
ter os requisitos necessários do ponto de vista doutrinal, moral, pastoral e humano.
E isto vale muito mais na escolha dos bispos”.
Para o Cardeal Tong, o artigo
do Prefeito do Dicastério vaticano destaca com força persuasiva os efeitos positivos
que a liberdade de fé e de pertença à Igreja Católica podem projetar também na área
da convivência civil: “existe uma potencial convergência”, destaca o purpurado “entre
ser bom católico e ser um bom cidadão. As nossas milenares tradições alicerçadas sobre
o pensamento confuciano levam as pessoas a corrigirem-se a si mesmas para viverem
em harmonia e no respeito da própria família, da sociedade e do mundo inteiro. Pois
bem, o seguimento de Jesus produz estes efeitos, libertando-nos do egoísmo e do materialismo
e nos levando a amar o próximo. Também o governo poderia reconhecer e apreciar isso:
se à Igreja é dada a liberdade para que seus fiéis cresçam, assim eles podem ser realmente
bons cidadãos e a sociedade ganha com isso”, finaliza o Cardeal Tong. (SP)