Bento XVI: "A Nova Evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja"
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI presidiu, neste domingo, na Basílica de
São Pedro, a celebração eucarística de encerramento da 13ª Assembleia Geral Ordinária
do Sínodo dos Bispos.
Em sua homilia, o Papa se deteve sobre a cura do cego
Bartimeu que ocupa uma posição significativa na estrutura do Evangelho de Marcos,
itinerário de fé que se desenvolve gradualmente na escola de Jesus.
A condição
de cegueira tem um significado denso nos Evangelhos. Representa o homem que tem necessidade
da luz de Deus, a luz da fé, para conhecer verdadeiramente a realidade e caminhar
pela estrada da vida. "Bartimeu não é cego de nascença, mas perdeu a vista: é o homem
que perdeu a luz e está ciente disso, mas não perdeu a esperança. Num de seus escritos,
Santo Agostinho interpreta Bartimeu como pessoa decaída duma condição de grande prosperidade
e nos convida a refletir sobre o fato de que há riquezas preciosas na nossa vida que
podemos perder e que não são materiais" – frisou Bento XVI.
"Nesta perspectiva,
Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em regiões de antiga evangelização,
onde a luz da fé se debilitou, e se afastaram de Deus. São pessoas que deste modo
perderam uma grande riqueza, decaíram duma alta dignidade – não econômica ou de poder
terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação segura e firme da vida e
tornaram-se, muitas vezes inconscientemente, mendigos no sentido da existência" -
acrescentou o Pontífice.
O Papa destacou que "são muitas as pessoas que precisam
de uma nova evangelização, ou seja, de um novo encontro com Jesus, o Cristo, o Filho
de Deus, que pode voltar a abrir os seus olhos e ensinar-lhes a estrada. A nova evangelização
diz respeito a toda a vida da Igreja. Refere-se, em primeiro lugar, à pastoral ordinária
que deve ser mais animada pelo fogo do Espírito a fim de incendiar os corações dos
fiéis que frequentam regularmente a comunidade reunindo-se no dia do Senhor para se
alimentarem de sua Palavra e do Pão de vida eterna."
Bento XVI então sublinhou
três linhas pastorais que emergiram do Sínodo. "A primeira diz respeito aos Sacramentos
da iniciação cristã. Foi reafirmada a necessidade de acompanhar, com uma catequese
adequada, a preparação para o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia; e reiterou-se
também a importância da Penitência, sacramento da misericórdia de Deus. É através
deste itinerário sacramental que passa o chamado do Senhor à santidade, dirigido a
todos os cristãos."
A segunda é que "a nova evangelização está essencialmente
ligada à missão ad gentes. A Igreja tem o dever de evangelizar, de anunciar a mensagem
da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo". O Papa recordou que durante
as reflexões sinodais, foi sublinhado que existem lugares na África, Ásia e Oceânia,
onde os habitantes esperam com expectativa o primeiro anúncio do Evangelho. "Por isso,
é preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um renovado dinamismo missionário,
cujos protagonistas sejam, de modo especial, os agentes pastorais e os fiéis leigos.
A globalização provocou um notável deslocamento de populações, pelo que se impõe a
necessidade do primeiro anúncio também nos países de antiga evangelização" – frisou
o Papa.
O terceiro aspecto diz respeito às pessoas batizadas que, porém, não
vivem as exigências do Batismo. "Durante os trabalhos sinodais, foi posto em evidência
que estas pessoas se encontram em todos os continentes, especialmente nos países secularizados.
A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo,
redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na comunidade dos fiéis.
Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar
mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas
culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade que se fundamenta
em Deus que é Amor."
Voltando à figura do cego Bartimeu, curado por Jesus,
Bento XVI concluiu a homilia dizendo: "Assim são os novos evangelizadores: pessoas
que fizeram a experiência de ser curadas por Deus, através de Jesus Cristo". (MJ)