Cristãos fogem do norte do Mali e muçulmanos também são vítimas do fundamentalismo
Bamako (RV) - "Os cristãos foram obrigados a fugir do norte do Mali", denunciou
numa entrevista à fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Pe. Laurent Balas, missionário
dos Padres Brancos, que passou seis anos em Gao, no norte desse país africano.
Agora,
o religioso foi nomeado pároco da Igreja dos Santos Mártires de Uganda, em Bamako.
"Os meus sucessores em Gao foram obrigados a fugir", frisou Pe. Balas descrevendo
a conquista do norte do país pelas milícias islâmicas.
'Os cristãos fogem
do norte e são acolhidos pelas famílias do sul em condições muito precárias, depois
de terem deixado todos os seus pertences. Não há campos de refugiados no país, mas
sim nas nações vizinhas. Os deslocados são muitos. É difícil dizer quantos são", disse
o missionário.
No norte os grupos islâmicos impuseram sua interpretação radical
da xária chegando a invadir casas em busca de mulheres sem véu e cortando uma das
orelhas daquelas que são encontradas com o rosto descoberto. "Diante dessa situação,
até os muçulmanos fogem em massa" – destacou o sacerdote.
Não é somente o fundamentalismo
religioso que causa problemas no norte do Mali. Segundo Pe. Balas, os grupos islâmicos
têm ligações com traficantes de droga, como demonstrado pelo avião carregado de cocaína
que recentemente caiu num aeroporto controlado por islamitas. (MJ)