2012-10-24 12:21:39

Cáritas Portuguesa: população está cansada e cada vez mais pobre


Lisboa (RV) – O Presidente da Cáritas Portuguesa teme uma radicalização nas reações da população perante a austeridade, lamentando o constante aumento da carga fiscal num país “cansado” e cada vez mais pobre.

“As pessoas sofrem e não sabem porque fazem esta austeridade. Espero e desejo muito que as pessoas não enveredem por caminhos duma radicalidade extrema”, refere Eugénio Fonseca, numa entrevista publicada pela Agência Ecclesia, que dedica o dossiê do seu mais recente semanário ao Orçamento de Estado proposto para 2013.

O responsável sublinha que a situação do país já era grave antes da crise, com cerca de 20 por cento de pobres na população, e diz mesmo que “nunca” houve coesão social em Portugal.

“O povo está a ficar cansado de ser tão solicitado e está também a sofrer as consequências da crise”, alerta, antes de frisar que “não é desertificando o interior do país de bens e serviços essenciais que se consegue motivar as pessoas”.

“O meu receio é que, depois de paga a dívida, tenhamos uma grande franja da sociedade portuguesa totalmente desmobilizada”, acrescenta.

“Quando temos no espaço europeu países de primeira e países de segunda e prevalece o domínio de uns países sobre os outros, não sei como pode haver tranquilidade e harmonia”, afirma Eugénio Fonseca, confessando-se “perplexo” com a decisão de atribuir o Nobel da Paz à União Europeia.

O presidente da Cáritas revela que, ao longo dos últimos três anos, “não deixou de aumentar” o número de pessoas que procuram a ajuda da Igreja Católica e admite que “será mais difícil no futuro” face às medidas anunciadas para o próximo ano.

“O Governo não pode ficar, como tem estado, tão distante da ajuda de que as pessoas precisam”, alerta.

Eugénio Fonseca critica o aumento de impostos previsto na proposta de Orçamento de Estado para 2013 e declara que “quem governa o mundo é o poder económico”.

“O capital tem de ser um meio e não um fim absoluto, como tem sido até agora”, observa.

(BF-Ecclesia)







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