Situação tranquila em Bissau, após os incidentes ocorridos de sábado para domingo.
O comunicado do governo
Na Guiné-Bissau, a calma voltou à capital Bissau, após os novos incidentes mortíferos
verificados na noite de sábado para domingo entre os militares bissauguineenses, como
nos confirmava, nesta segunda-feira, a partir de Bissau, Indira Correia Baldé. Indira Correia
Baldé, sobre a sempiterna violência político-militar bissau-guineense. Também
a agência católica internacional “Fides” confirma que a situação neste momento está
calma, embora as forças de segurança tenham reforçado os controles nas fronteiras
e ao longo das estradas, e tenham rebuscado algumas casas à procura dos responsáveis
do ataque ao quartel ", disse à Agência Fides uma fonte da Igreja de Bissau (que
pediu o anonimato por razões de segurança). Os factos são os seguintes: na madrugada
de Domingo, um pequeno grupo armado atacou o quartel dos Boinas Vermelhas, uma unidade
de elite, próximo do aeroporto. Pelo menos sete pessoas morreram no ataque. "Trata-se
da unidade mais eficiente do exército local e que tem estado um pouco ao centro das
lutas internas pelo poder ", diz a fonte. O governo acusou o capitão Pansau N'Tchama,
considerado leal ao ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, destituído pelo golpe
militar de 12 de Abril. Os golpistas guiados pelo Chefe do Estado Maior, General António
Indjai, cederam o poder a alguns homens políticos depois de terem assinado um acordo
para o estabelecimento de um governo de transição liderado pelo presidente Manuel
Serifos Nhamadjo Este acordo foi aprovado pela Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (ECOWAS), mas foi rejeitado por Portugal (ex-colonizador) e pela
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A União Europeia impôs sanções
contra os principais membros da Guiné-Bissau. O governo de Bissau acusou Portugal,
a CPLP e o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior de serem os instigadores do ataque
ao quartel. "Esta é a versão de quem está no poder. Estamos tentando entender quem
está por detrás deste incidente, mas é muito difícil entender o que está por trás
dos bastidores da política no País. Certamente o governo, acusando explicitamente
Portugal e a CPLP, acentua ainda mais o seu isolamento internacional ", disse a mesma
fonte. É também claro que existe ligação entre os últimos eventos e o tráfico de droga,
porque "a luta pelo poder político está ligada ao controle dos tráficos de cocaína
que transitam no País, da América Latina para a Europa", conclui a fonte, segura mas
anónima, da agência Fides.