2012-10-23 19:30:22

Há 50 anos João XXIII mediava a paz na crise dos mísseis em Cuba


Roma (RV) – Recorda-se nestes dias o 50° aniversário da crise dos mísseis em Cuba, um dos momentos mais dramáticos da Guerra Fria, no século XX, onde o mundo esteve à beira de uma Terceira Guerra Mundial. A crise de Cuba acabou inspirando a Encíclica Pacem in Terris que o Beato Roncalli publicou em abril de 1963.

O papa João XXIII desempenhou um papel fundamental na mediação da crise entre Moscou e Washington, enviando uma carta ao então presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy e da União Soviética Nikita Krushov. Ele também lançou um apelo dramático à paz através dos microfones da radio Vaticano.

Em 22 de outubro de 1962 o presidente norte-americano John F. Kennedy dirigiu-se à nação em cadeia televisiva anunciando que navios soviéticos se dirigiam à Cuba para armar, com ogivas nucleares, os mísseis existentes na ilha, localizada a poucas dezenas de quilômetros da costa estadunidense.

A crise, na verdade, teve início em 15 de outubro de 1962 quando um avião espião norte-americano U2 detectou a presença de mísseis sendo posicionados em diversos locais da ilha. A tensão crescia a cada instante e o início de um conflito nuclear era eminente. O presidente Kennedy pede então que o papa João XXIII faça a mediação entre a Casa Branca e o Kremlim. Quem nos conta é o historiador Agostino Giovagnoli: “O presidente americano Kennedy acreditava que um apelo do Papa poderia resolver a crise. Naturalmente, João XXIII ficou muito sensibilizado com o pedido: sentiu a responsabilidade de uma ação e o fez através uma mensagem, um apelo público à paz. Sucessivamente, a crise se resolveu, felizmente”.

João XXIII dirige então uma mensagem com palavras aflitas através dos microfones da Rádio Vaticano. Um apelo vibrante que toca as consciências de milhares de pessoas, sem distinção de credo religioso: “Paz! Paz! Nós renovamos hoje este solene pedido. Nós suplicamos a todos os governantes que não fiquem surdos a este grito da humanidade. Que façam tudo aquilo que está em seu poder para salvar a paz. Evitarão assim ao mundo os horrores de uma guerra, da qual não se pode prever quais serão as terríveis conseqüências”.

Prof. Giovagnoli ainda nos explica que a crise dos mísseis de Cuba explode exatamente no período em que o mundo olha com renovada esperança ao futuro graças ao início do Concílio Vaticano II: “No coração e também no Magistério de João XXIII, o Concílio e a paz eram dois temas extremamente unidos. Recordemos o famoso “Discurso da lua”, pronunciado na noite de 11 de outubro de 1962, onde se via um emocionado João XXIII diante de um acontecimento que lhe parecia tão grandioso pela sua abrangência a nível mundial, de criar uma novidade também no plano das relações entre os seres humanos e por consequência, no plano da paz”.

A experiência dramática da crise de Cuba convence ainda mais João XXIII da urgência de um renovado compromisso com a paz de todas as pessoas de boa vontade. Desta consciência, nasce em abril de 1963 a Encíclica Pacem in terris, quase um testamento espiritual de Angelo Roncalli, que veio a falecer apenas 2 dias após”. Sobre isto finaliza Prof. Giovagnoli: “A Pacem in Terris é um extraordinário documento, fruto também de um trabalho complexo. O Papa intervém pessoalmente na sua redação, pois se tratava de algo novo, que era difícil exprimir e o Papa queria que fosse algo claro para todos”. (JE)









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