Sínodo: Terra Santa, Doutrina Social da Igreja e devoção popular no centro dos pronunciamentos
Cidade do Vaticano (RV) - A nova evangelização deve partir de novo de Jerusalém:
é o que afirma o Sínodo dos Bispos em andamento no Vaticano, reiterando que as peregrinações
à Terra Santa são uma ocasião para reforçar a fé. Estiveram no centro dos trabalhos
da manhã deste sábado também a questão da Ilva de Taranto (a maior siderúrgica da
Europa) – localizada na região italiana da Puglia, e a promoção da Doutrina Social
da Igreja.
Para ser moderna e eficaz, a nova evangelização deve partir de novo
da Terra Santa, memória coletiva viva da história de Jesus: abriram-se assim os trabalhos
sinodais deste sábado.
Os bispos recordaram as ofensas e as agressões que os
lugares sagrados sofrem, falaram em Igreja do calvário, invocaram o diálogo baseado
no respeito recíproco e fizeram apelo à fé que abate muros e constrói pontes, pedindo
ao mundo que não esqueça o Oriente Médio, e aos cristãos que não tenham medo. Porque
a fé não é uma pertença a uma facção ideológica que leva à violência, mas ajuda a
sentir-se irmãos uns dos outros.
Em seguida, o drama da Ilva de Taranto irrompeu
na Sala do Sínodo (situação que nestes meses tem repercutido na mídia italiana, e
não somente): a Igreja não oferece soluções, mas proximidade a quem sofre os efeitos
poluidores e desastrosos da fábrica siderúrgica, afirmam os prelados.
Milhares
de pessoas correm o risco de perder o trabalho, muitas outras encontram-se doentes
com tumores. E o que emerge é uma crise humana e social do atual e injusto modelo
de desenvolvimento econômico.
A ganância e a avidez, ressalta o Sínodo, romperam
os laços entre a economia e a dimensão social da vida humana, provocando uma profunda
fratura. Nessa ótica, a Assembléia dos bispos reitera a importância da Doutrina Social
da Igreja, elemento essencial de evangelização, porque o anúncio de Cristo é o fator
principal de desenvolvimento, da justiça e da paz.
Não se trata de transformar
a Igreja numa instituição de serviços sociais, afirmam os Padres sinodais, mas de
promover uma cultura da solidariedade e da fraternidade. Relançar a dignidade humana
e promover valores democráticos significa colocar-se no seguimento de Jesus, afirma
o Sínodo.
Dentre outros temas abordados destaca-se o da piedade popular: purificada
e conduzida no modo justo, ela é expressão de fé sincera e testemunha perenemente
a sede de Deus presente no coração do homem, contribuindo assim para a nova evangelização.
Porque o coração do homem é feito para o infinito e somente o encontro com que mudou
realmente a própria vida graças a Cristo pode responder às expectativas.
Em
seguida, o Sínodo voltou a examinar o desafio de evangelizar o mundo midiático atual:
a sociedade atual não é mais mass-midiática, mas bio-midiática, porque os meios de
comunicação de massa invadiram de tal forma a vida do homem, de modo a mudar o seu
desenvolvimento antropológico, afirmam os Padres sinodais.
Daí, o convite a
fim de que a Igreja saiba comunicar proximidade, relação, amizade com as pessoas em
sua singularidade – quais destinatárias do amor de Deus.
Por fim, o grande
tema da relação entre fé e razão: se não se compreende a sua complementaridade, os
cristãos acabarão por se sentirem inferiores à modernidade ou atrasados em relação
à história, observam os bispos. Ao invés, os cristãos devem ter consciência da dimensão
cultural da fé e dar razão da própria esperança. (RL)