Bento XVI encontra Padres conciliares: "O Cristianismo é uma árvore em perene aurora”
Cidade do Vaticano (RV) - Nesta sexta-feira o Santo Padre recebeu em audiência,
no Vaticano, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I e os bispos que
participaram do Concílico Ecumênico Vaticano II, e os Presidentes de Conferências
Episcopais.
O Papa ainda almoçou com os Padres Sinodais, com os bispos que
participaram do Concílio Ecumênico Vaticano II, e com os Presidentes de Conferências
Episcopais, cerca 500 pessoas. Presentes também o Patriarca Bartolomeu I e o Arcebispo
anglicano, Willians.
No seu discurso aos Padres Conciliares e aos presidentes
das Conferências Episcopais o Santo Padre afirmou que nos seus rostos via também os
centenas de bispos que em todas as regiões da terra estão comprometidos no anúncio
do Evangelho e no serviço à Igreja e ao homem, em obediência ao mandato recebido de
Cristo.
São muitas as recordações que vêem à nossa mente – continuou o Papa
– e que cada um tem bem guardado no coração daquele período tão vivaz, rico e fecundo
que foi o Concílio. Gostaria de recordar de como uma palavra, lançada pelo Beato João
XXIII quase de modo programático, retornava continuamente nos trabalhos conciliares:
a palavra “atualização”.
Passados 50 anos da abertura daquele solene Encontro
da Igreja alguém poderia se perguntar se aquela expressão, não teria sido, talvez
no início, não muito feliz. Creio – disse Bento XVI –, que o Beato João XXIII queria
com aquela palavra era exato e ainda o é hoje. O Cristianismo não deve ser considerado
como “algo do passado”, nem deve ser vivido com o olhar perenemente dirigido “para
trás”, porque Jesus Cristo é ontem, hoje e para sempre. O Cristianismo é marcado pela
presença do Deus eterno, que entrou no tempo e está presente em todos os tempos, para
que cada tempo surja do seu poder criador, do seu eterno “hoje”.
Por isso o
Cristianismo é sempre novo, continuou o Santo Padre. Nós não o devemos jamais vê-lo
como uma árvore plenamente desenvolvida como o grão de mostrada evangélico, que cresce,
dá frutos e um dia envelhece e chega ao fim a sua energia vital. O Cristianismo é
uma árvore em perene “aurora”, sempre jovem. E esta atualidade, esta “atualização”
não significa ruptura com a tradição, mas exprime a contínua vitalidade; não significa
reduzir a fé, abaixando-se aos modismos dos tempos, ao que nós gostamos, ao que a
opinião pública gosta, mas é o contrário: exatamente como fizeram os Padres conciliares,
devemos levar o “hoje” que vivemos à medida do evento cristão, devemos levar o “hoje”
do nosso tempo no “hoje” de Deus.
O Concílio foi um tempo de graça no qual
o Espírito Santo nos ensinou que a Igreja, no seu caminho na história, deve sempre
falar ao homem contemporâneo, mas isso pode ocorrer somente através da força daqueles
que têm raízes profundas em Deus, se deixam guiar por Ele e vivem com pureza a sua
fé; não vem de quem se adapta ao momento que passa, de quem escolhe o caminho mais
cômodo.
O Papa concluiu afirmando que o Ano da fé que teve início nesta quinta-feira
nos sugere o melhor modo para recordar e comemorar o Concílio: concentrar-se no coração
da sua mensagem, que é a mensagem da fé em Cristo, único Salvador do mundo, proclamada
ao homem do nosso tempo. (SP)