2012-10-11 16:25:48

"Alegria de Acreditar" - nota pastoral do Bispo do Mindelo (Cabo Verde) no Ano da Fé e início do ano pastoral 2012-13


Queridos irmãos e irmãs,
Eis que o Espírito Santo faz novas todas as coisas! Iniciando mais um ano pastoral, o Senhor Jesus que está sempre connosco, dá-nos em abundância o Seu Espírito, para a nossa renovação interior e para guiar os nossos passos. É sempre Ele que nos confirma na fé e reconduz à missão. O caminho da Igreja, o nosso caminho, é um caminho que nunca está acabado. Neste Ano da Fé, diz-nos o Papa, na Carta Apostólica Porta Fidei, que «A Porta da Fé, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira» (Porta Fidei, nº1). Portanto, para todos nós, em qualquer circunstância, novos trilhos estão para serem percorridos.
Em sintonia com o Santo Padre, que proclama um Ano da Fé para comemorar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, propusemos para a Diocese, viver este ano sob o lema Alegria de acreditar. Levar o nosso mundo à descoberta da fé cristã é a razão do nosso anúncio, mas para isso é necessário avivar o nosso entusiasmo para o encontro com Cristo. «O cristianismo não é obra de persuasão, mas de grandeza», afirmou Santo Inácio de Antioquia. A beleza do Evangelho renova a vida e a cultura. Um excelente contributo que podemos oferecer aos homens do nosso tempo é ajudar a compreender que pode haver um diálogo criativo e uma convivência fecunda entre a fé e a razão. Desejamos pôr o amor na vida, comunicar o amor, porque a «fé actua pelo amor» (Gl 5, 6) e no dizer do teólogo suíço, Hans Urs von Balthasar, «só o amor é digno fé».

Há que admitir que infelizmente a cultura dominante é a do vazio e do esvaziamento dos valores da família. A família, sonhada e amada pelo Criador, é sagrada. Sem ela o homem não é feliz. É gratificante notar que em algumas zonas da Diocese tem crescido o número de matrimónios. Uma família sã, sólida e estável é, sem sombra de dúvidas, uma alavanca que faz erguer a Igreja e a sociedade. A secularização do matrimónio só tem trazido consequências más para a nossa sociedade e faz comprometer a nossa felicidade. Lembremos o saudoso Beato João Paulo II, que dizia: é preciso ensinar a amar.

Há já alguns anos que a nossa Diocese tem apostado na Nova Evangelização e esta continua a ser uma prioridade para nós. O ano passado o nosso lema pastoral foi «Por uma Família Cristã e Missionária». Foi com muito agrado que verificamos que, de uma maneira geral, todas as paróquias, em todas as ilhas, viveram de modo muito intenso essa temática que na prática se traduziu em inúmeras iniciativas formativas, celebrativas e testemunhais. Espero que esta dinâmica adquirida em torno da família não esmoreça, mas que continue e se intensifique ainda mais neste ano da fé. Tenha-se em conta que a família não é apenas objecto de evangelização, mas é ela própria, sujeito importantíssimo de evangelização. Proponho que se dê especial atenção à pastoral familiar em toda a Diocese. Não hesitemos em facultar subsídios e livros acessíveis e úteis para a formação das famílias, como por exemplo: A Escolha da Família, de Jean Laffitte, nomeado pelo Papa Bento XVI secretário do Conselho Pontifício para a Família. A família, na organização da pastoral diocesana e paroquial, é um sector transversal que toca todas as realidades dos nossos fiéis.

O Secretariado Diocesano da Família pensa organizar uma peregrinação à Terra Santa, para ir em busca dos lugares sagrados onde se deram tantos acontecimentos fundantes da nossa fé. Estamos todos convidados a integrar esta peregrinação em ano tão especial. E falando de peregrinações, ocorre-me recordar aqui o convite deixado pelo Santo Padre aos jovens, para se encontrarem com ele no Rio de Janeiro nas próximas Jornadas Mundiais da Juventude – Julho de 2013. Bom seria que os nossos jovens, conseguissem, em bom número, integrar estas Jornadas, que estão a ser preparadas pelo nosso Secretariado Diocesano da Juventude.

Neste ano somos desafiados a trazer a fé para o centro da nossa vida na Igreja e no mundo. Com o Papa, desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção; seja ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia; esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Trata-se de descobrir os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada (Cf. PF nº 9). Saliento a tónica que o Santo Padre coloca na fé vivida com alegria. É um privilégio o dom da fé cristã que recebemos. O encontro com Jesus Cristo é a maior graça que aconteceu na nossa vida. Como não manifestar isso ao longo deste ano com a nossa vida pessoal e comunitária?! Estamos diante de uma oportunidade favorável para manifestar a beleza da nossa fé. Beleza em todos os seus aspectos. Iremos cuidar e valorizar o mais possível as nossas celebrações, sobretudo a Eucaristia que é «a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Conc. Vaticano II, Sacrosanctum Concilium, nº 10). Celebrar bem, com beleza, verdade e profundidade é um fecundo meio de evangelizar e testemunhar a nossa fé. A força da Palavra e a graça do Sacramento nos enriquecem sobremaneira e faz de nós apóstolos com mais ardor e audácia. Neste sentido, e em contexto litúrgico, creio que estamos diante de uma boa ocasião para que todas as famílias se preparem para fazerem uma solene profissão de fé no seio da comunidade paroquial. (Estamos a preparar um desdobrável especial com as diversas versões do Credo para uso nas comunidades). O Papa Bento XVI propõe que nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas casas e no meio das nossas famílias, encontremos oportunidades para confessar a fé no Senhor Ressuscitado. Para tal, há que sentir a exigência de conhecer melhor e transmitir às gerações futuras a fé de sempre (cf. PF nº8).

Faremos a abertura solene do Ano da Fé na Diocese, dia 14 de Outubro, dia em que vamos ordenar cinco diáconos permanentes na zona norte de Santo Antão. Esta feliz notícia da ordenação destes diáconos e mais outros cinco (nos meses de Outubro e Novembro) para o serviço da nossa Igreja é um grande sinal de esperança e compromisso. As vocações são um dom do amor de Deus e fruto da oração e do compromisso das comunidades. Os primeiros seminaristas finalistas da Diocese regressam ao Mindelo por estes dias, a fim de fazerem o estágio pastoral em ordem à ordenação diaconal e sacerdotal que, se Deus quiser, acontecerá no decorrer deste ano pastoral. Tudo isso é motivo de louvor a Deus e estímulo para aumentar ainda mais a nossa fé. Haja mais e santas vocações, nas diversas formas de vida para a nossa Igreja.

Maria, Mãe de Deus e estrela da Nova Evangelização, Aquela que é «feliz porque acreditou» (cf. Lc 1, 45) nos acompanhe neste tempo de graça!


Um abraço fraterno em Cristo,

Lisboa, 29 de Setembro de 2012, Festa dos Arcanjos S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael


† Ildo Fortes, Bispo de Mindelo











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