Líderes religiosos pedem fim de confrontos entre as civilizações
Lahore (RV) – “Não deve existir confrontos entre as civilizações por causa
do pecado de uma só pessoa. Se alguém profanar o Islã ou cometer um crime no Ocidente
ou nos Estados Unidos, nenhum dos cristãos no Paquistão deve ser envolvido ou considerado
responsável. Todos devem respeitar as religiões do mundo”: é o que afirmaram os líderes
religiosos cristãos e muçulmanos reunidos nos últimos dias em Lahore, em um congresso
organizado pelo Conselho nacional para o diálogo inter-religioso.
Em mensagem
enviada à agência Fides, o franciscano Frei Francis Nadeem, OFM, Coordenador do Conselho,
explicou: “Toda vez que uma pessoa comete um ato blasfemo no Ocidente ou nos Estados
Unidos, os cristãos no Paquistão são considerados culpados. Um cristão paquistanês,
ao contrário, não poderia nem imaginar cometer atos semelhantes”.
O frade
recorda os casos dos cristãos acusados de blasfêmia. “São falsos e baseados em conspirações
para resolver disputas pessoais”. Daí parte o apelo para “melhorar a utilização desta
lei” para prevenir os abusos. “Se acontecem estes casos, todos deveriam refletir antes
de tomar qualquer iniciativa e acusar de blasfêmia. É muito importante para evitar
situações desagradáveis, que prejudicam a vida e as propriedades dos cristãos do Paquistão”
– acrescenta Frei Nadeem.
Os líderes religiosos presentes no congresso (cristãos,
muçulmanos, hindus, siks e pársis) condenaram o incêndio da Igreja de São Paulo e
da Bíblia e de outros livros sagrados em Mardan, pedindo “respeito entre muçulmanos
e cristãos e respeito a todos os lugares de culto”. Dentre os líderes muçulmanos que
concordaram sobre estes quesitos, unindo-se ao apelo comum por uma maior harmonia,
estão os Muftis Syed Hussain Ashiq, Qari Muhammad Zawar Bahadur, Pir Akhtar Rasool
e membros de facções islâmicas diversas, como Allama Naeem Badshah (salafita), Quaid
Ahl-e-Hadis e Allama Muhammad Mumtaz Awan (do movimento Deobandi).
Todos os
participantes, depois de condenarem firmemente o incêndio da Igreja de Mardan, aprovaram
por unanimidade uma resolução que pede ao governo do Paquistão que prenda os culpados
e que os mesmos sejam punidos, segundo as leis vigentes no país. (SP)