Concílio Vaticano II: conheça os tesouros do Arquivo em São Paulo
Cidade do Vaticano
(RV) - Encerra-se esta sexta-feira, no Vaticano, o Congresso Internacional de
Estudos “O Concílio Vaticano II à luz dos arquivos dos Padres Conciliares”.
O
evento, promovido pelo Pontifício Comitê de Ciências Históricas, reúne especialistas
de todo o mundo para marcar a abertura dos 50 anos do Concílio Vaticano II.
Esta
sexta-feira, dois brasileiros figuram entre os conferencistas: Luiz Carlos Luz Marques,
da Universidade Católica de Pernambuco, que falará sobre os arquivos conciliares de
Dom Helder Pessoa Camara, no CeDoHc de Recife.
E o Pe. José Oscar Beozzo,
do Seminário João XXIII em São Paulo. Em entrevista ao Programa Brasileiro, Pe. Beozzo
fala como nasceu o Arquivo sobre o Vaticano II e alguns de seus tesouros:
Para
entender o Concílio, é preciso ter acesso a outros tipos de fontes: diários, o que
os bispos guardaram, escreveram, circulares. Em 1989, quando se fez o projeto sobre
o Vaticano II, uma das minhas questões foi essa. Aqui na Europa já tinham muitos arquivos
disponibilizados, mas não no Brasil. Fui um pouco atrás de organizar o Fundo com uma
documentação brasileira. Na época, eu mandei carta para 267 bispos, os que estavam
vivos e participaram do Concílio, e mais os sucessores nas naquelas dioceses, pedindo
se eles não entregariam a documentação para um Fundo que hoje está na biblioteca dos
redentoristas em São Paulo. Recebi umas 130 respostas, algumas de chorar, porque diziam
‘queimei tudo, papel velho’; outros ‘ninguém sabe aqui na Cúria onde foi parar isso’;
ou o bispo repartiu com familiares ou deu para o arquivo da cidade. Então tinha uma
dispersão enorme da documentação. Outros disseram ‘vamos preservar essa documentação
aqui no seminário, no arquivo da diocese’. Então mapeei um pouco onde estava a documentação
e muitos a doaram. Alguns, inclusive, uma documentação bastante ampla. Em têm algumas
preciosidades nesse arquivo: uma delas é o conciliábulo, que foi um jornalzinho que
Dom Aberto Ramos, de Belém, fazia a cada dia com um grupo de bispos mais jovens. Outro
tesouro é que Dom Helder também escreveu cada madrugada uma carta de Roma, e que agora
já estão publicadas. Têm outras coisas neste Arquivo, por exemplo, só teve um brasileiro
que foi auditor do Concílio. Foi Bartolo Peres, um operário da Mooca e que era presidente
da JOC (Juventude Operária Católica) Internacional, então ele foi auditor na terceira
e quarta sessão conciliar. Ele também me entregou documentos dele, fotos desse período.