2012-10-03 15:30:09

Enganados dois lados: a História se repete?


RealAudioMP3 Tóquio (RV) - Aos ouvintes da Rádio Vaticano vai minha saudação fraterna
No Brasil,em 1822, a mão de obra escrava havia sido abolida, sendo substituída com escasso sucesso por mão de obra europeia. Capatazes e administradores de fazendas, em geral, transferiram o tratamento que davam aos escravos, para os imigrantes, o que levou a maioria a abandonar o trabalho nas fazendas, e também, o país.
Com a escassez de mão de obra, os fazendeiros, especialmente, faziam pressão sobre o governo brasileiro para que permitisse o ingresso de asiáticos, com certa simpatia pelos japoneses.
No final de 1.800 e no início de 1.900, o governo do Japão era pressionado pela superpopulação, vivendo na miséria e de olho na industrialização que vinha sendo introduzida às custas da agricultura. Para ter espaço para a expansão industrial, optou-se por encontrar formas pelas quais os agricultores desocupassem suas terras e deixassem o país. A emigração foi a estratégia adotada, sendo confiada às Companhias de Emigração. Estas, por sua vez, procuravam recrutar emigrantes com anúncios enganosos, apresentando o país de destino como um “paraíso” e ocultando informações importantes sobre o clima, sistema de trabalho e salários.
A decepção dos imigrantes japoneses é descrita pelo escritor Tomoo Handa, no livro Migrante Japonês:

“Mentiu quem disse que o Brasil era bom,
mentiu a Companhia de Emigração
No lado oposto da terra cheguei,
fiado no Paraíso para ver o Inferno.

Do jeito que vão as coisas
não passa de puro sonho
o dia do retorno glorioso.
Já que o fim é a morte
por inanição,
melhor então é ser
comido por onça,
por bicho qualquer.”

Os decasséguis que, a partir da década de 90, sentindo-se pressionados pela crise econômica do Brasil e pela indústria do Japão, que era carente de mão de obra, foram atraídos pela oferta de trabalho bem remunerado, se comparado com os salários no Brasil e pela ideia de ganhar muito dinheiro e voltar, tendo feito o “pé de meia”. Levando-se em conta que a maioria é composta de mão de obra não qualificada, portanto, mal paga, a promessa de salário bem melhor é um atrativo importante.
Entraram em cena as empreiteiras, recrutando quem quisesse dar seu trabalho para a indústria nipônica. Na verdade, as pequenas e médias empresas, interessadas no trabalho dos decasséguis, estavam terceirizando o emprego, eximindo-se, também, de responsabilidades trabalhistas, assistência com a viagem até o oriente, previdência e contribuições para aposentadoria, entre outras.

Os anúncios de oferta de emprego, no Japão, para os nikkeis eram de um otimismo exagerado, dando a entender que em pouco tempo os trabalhadores nadariam em dinheiro e que poderiam regressar com os bolsos cheios. Contudo, não se mencionam o alto custo de vida no Japão, remuneração inferior, por executar o mesmo trabalho de um cidadão japonês e que, apesar de ganharem mais do que no Brasil, aqui pertencem à classe pobre do país.
Outro engano frequente, refere-se ao fato de que, ao chegar ao Japão, o trabalho e o salário não são os mesmos prometidos antes de viajar.
Ao migrar, os trabalhadores poderiam lembrar que alguém disse: “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.

Missionário Pe. Olmes Milani CS
Do Japão para a Rádio Vaticano








All the contents on this site are copyrighted ©.