Cimi: 40 anos celebrando a vida e a luta dos povos indígenas na Amazônia
Belém (RV) – O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte II (Pará/Amapá)
realizou sua 33ª assembleia na semana passada em Belém, com o lema “Celebrando a vida
e a luta dos povos indígenas na Amazônia”.
Os participantes avaliaram a caminhada
do Cimi junto aos povos indígenas nos últimos 40 anos. A partir dos relatos dos missionários
e dos indígenas convidados, constatou-se que, apesar das grandes dificuldades e desafios,
os povos indígenas conquistaram neste período muitos avanços na consolidação de seus
direitos e de reconhecimento junto à sociedade.
“Lançando um olhar sobre a
realidade indígena e Amazônica, verificamos um cenário sombrio capaz, não só de retroceder
em relação as importantes conquistas indígenas das últimas décadas, mas de comprometer
toda a vida na região”, lê no documento final da Assembleia.
O Cimi denuncia
que no interior da Amazônia está sendo intencionalmente esvaziado para satisfazer
poderosos interesses econômicos externos. Ribeirinhos, indígenas, comunidades tradicionais
e pequenos agricultores, que historicamente protegeram a região estão sendo obrigadas
a migrar para as cidades devido à ausência ou à precarização das políticas públicas,
tanto estaduais quanto federais, de promoção do bem estar das comunidades do avanço
do agronegócio e pelos impactos de mega projetos de infraestrutura.
“Os grandes
projetos de transporte, energia, comunicação estão sendo implantados de forma autoritária,
rápida e inconsequente”, afirmam o Conselho, citando em especial a construção da hidrelétrica
de Belo Monte.
O Cimi critica ainda a situação “lamentável” da educação escolar
indígena no estado do Pará, que se configura como uma das piores de todo o país, e
a saúde indígena, “que reflete a falta de prioridade do governo e a sua política autoritária
de implantação de políticas públicas de saúde sem considerar a realidade dos povos”.
“Diante
dessa realidade, convocamos todas as pessoas e organizações da sociedade civil preocupadas
com o futuro para criar uma força política capaz de inviabilizar o projeto dos saqueadores
e a pensar a Amazônia para além das fronteiras dos países, a partir da sabedoria milenar
dos povos indígenas, da experiência das comunidades tradicionais, em benefício da
coletividade.” (BF-Cimi)