Presidente angolano toma posse e bispos pedem coesão aos políticos
Luanda (RV) - A Conferência Episcopal de Angola (CEAST) lançou um apelo aos
partidos políticos para que ajudem a “salvaguardar” a paz e a reconciliação nacional,
após as eleições de 31 de agosto, que deram a vitória ao Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA).
“Não devemos nos esquecer que estamos num processo de paz
e de reconciliação nacional iniciado há dez anos, em que os atores da guerra e muitas
das vítimas ainda estão vivos e merecem respeito e consideração”, assinala um relatório
sobre o escrutínio, da Comissão Episcopal de Justiça e Paz, divulgado pela Agência
Ecclesia.
O Presidente José Eduardo dos Santos prestou juramento na manhã de
quarta-feira em Luanda para um mandato de cinco anos, na sequência da sua eleição
indireta para a chefia do Estado nas eleições gerais.
A CEAST pede ao novo
Executivo que promova a “democratização dos órgãos de comunicação social públicos”
e que defenda “o pluralismo político, a paz, a reconciliação e a unidade nacional”.
“Os
órgãos de comunicação social do Estado, nomeadamente a Televisão Pública de Angola,
a Rádio Nacional de Angola e o Jornal de Angola não foram isentos nem antes nem durante
nem depois das eleições, favorecendo claramente o partido no poder e dando pouco espaço
ao contraditório”, lamenta o relatório.
A avaliação do processo eleitoral efetuada
pelos peritos da CEAST foi apresentada em coletiva de imprensa pelo coordenador do
grupo, Padre Belmiro Cuica Chissengueti.
O documento fala num “importante exercício
de cidadania, necessário para a paz, a democracia e o desenvolvimento”. Nesse sentido,
elogia-se “a boa conduta por parte dos eleitores, das forças da ordem pública e dos
membros das assembleias de voto” e acrescenta-se que os observadores tiveram “facilidades”
na obtenção das informações pretendidas.
O organismo da CEAST refere, por outro
lado, que o credenciamento dos observadores foi “muito tardio” e não permitiu uma
melhor preparação dos mesmos.
A abstenção de cerca de 40 por cento dos eleitores
é vista como “um dado negativo que deverá merecer uma profunda reflexão”.
O
documento pede ainda que no próximo ato eleitoral a comissão nacional encarregada
de supervisionar o escrutínio “vigie melhor e com imparcialidade o cumprimento do
Código de Conduta”. (BF)