2012-09-27 17:33:34

Arcebispo Tomasi sobre violências na Síria: as crianças pagam o preço mais alto


Cidade do Vaticano (RV) - Nestes dias na Assembléia Geral da ONU a crise síria tem estado no centro das atenções. Muitos dos líderes das nações que se pronunciaram nesta quarta-feira pediram uma intervenção militar para dar fim às violências inauditas que nestes meses têm ensangüentado o país do Oriente Médio.

O presidente tunisiano endossou as palavras do Emir do Catar reiterando que, "falida a diplomacia, é agora necessária uma intervenção militar. Por sua vez, o Presidente do Egito, Mohammed Morsi, disse concordar com o princípio, mas manifestou-se contrário à intervenção externa.

A guerra civil na Síria, além de morte e destruição, tem levado a uma enorme emergência humanitária. A esse propósito, a Rádio Vaticano ouviu o Observador Permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, que nos falou sobre a situação dos civis, crianças e minorias e sobre o papel da comunidade internacional:

Dom Silvano Maria Tomasi:- "Em primeiro lugar, é preciso colocar a questão da violência contra as crianças no contexto geral da crise que vemos na Síria. Essa crise está piorando e a continuidade da violência atinge de modo particular as crianças, fazendo-as pagar o preço mais alto. As agências de assistência humanitária presentes dizem existir situações horríveis. Por exemplo, quer da parte dos rebeldes, quer da parte do exército, fala-se que em alguns casos as crianças foram usadas como escudo humano de modo a poder se aproximar de objetivos militares imediatos, e algumas crianças foram mortas. Outro exemplo: há cerca de 280 mil refugiados nos países confinantes com a Síria e em alguns campos, como na Jordânia, mais de 50% das pessoas presentes – mais de 30 mil pessoas – são menores. Além disso, existem centenas de menores não acompanhados que são abandonados nos campos, que não sabem o que fazer durante o dia e que levam o peso de experiências traumáticas: viram membros de sua família assassinados, estiveram sob bombardeios, viram pelas ruas corpos estraçalhados... Diante dessa realidade é claro que a comunidade internacional deve buscar dar uma mão..."

RV: A propósito da comunidade internacional, parece que se tenha chegado a uma difícil situação de impasse...

Dom Silvano Maria Tomasi:- "Neste momento, inclusive segundo as palavras do Secretário-Geral da ONU, Ban ki-moon, não há uma vontade política clara de todas as partes para dar fim à violência na Síria. Concorda-se sobre a futilidade da guerra e do conflito como se tem desdobrado nestes meses cujos resultados são verdadeiramente dramáticos: entre 20 e 30 mil mortos, 260-280 mil refugiados, 1 milhão e 200 mil deslocados dentro do país, cerca de dois milhões e meio de pessoas – segundo avaliações da ONU – precisam de assistência para sobreviver. Os resultados da violência e da guerra são bem visíveis e documentados. Apesar disso, existem de vários lados fortes interesses políticos que impedem a possibilidade, no momento, de se chegar a sentar-se em torno de uma mesa e colocar a violência de lado, começando a negociar uma transição política que possa realmente respeitar os interesses de todas aquelas minorias – curdos, cristãos, xiitas, drusos, alawitas – que são os grupos que compõem a Síria e que até então tinham caminhado com um certo equilíbrio e em paz entre eles. Portanto, devemos rezar e realmente encorajar de todas as maneiras possíveis, a abertura de um diálogo, de modo que se ponha fim a essa violência e que as crianças possam voltar à escola e a crescer normalmente, ao invés de ser vítimas dessa tragédia." (RL)







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