O Papa e a escuta da Palavra de Deus: para que seja compreendida é preciso superar
a surdez do coração
Cidade do Vaticano (RV) - A Palavra de Deus é sempre luz, depende de como é
ouvida. Esse é o ensinamento extraído da página do Evangelho proposto pela liturgia
desta segunda-feira.
"Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com um recipiente,
nem para colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a num candelabro, para que
aqueles que entram vejam a luz" – lê-se no trecho de Lucas 8,16. (...) "Cuidai, portanto,
do modo como ouvis!" (Lc 8,18).
Bento XVI costuma exortar os cristãos
a fazerem um percurso de maturação sobre esses aspectos. Aproveitando a leitura do
Evangelho do dia e que estamos em setembro, mês da Bíblia, recordemos algumas das
afirmações do Papa a esse propósito.
Linguagem em parábolas para o público,
e, de forma privada, para os seus discípulos, explicações com diferente estilo comunicativo.
O Evangelho restitui como sendo essa a linha geral de ensinamento do Mestre.
As
parábolas de Jesus, crípticas na aparência, são um destilado de sabedoria que, porém,
para ser compreendido, precisa de um requisito particular e que dificilmente se encontra
em nível de massa: a disposição a ouvir com o coração.
"Cuidai, portanto, do
modo como ouvis!", com essas palavras, Jesus adverte aqueles que estão ao seu redor
na cena descrita pelo Evangelho segundo São Lucas.
A escuta da Palavra de Deus
constitui um valor que desde o primeiríssimo anúncio até hoje viu deter-se Doutores
da Igreja; Santos; teólogos e papas, dentre os quais, Bento XVI:
"Há quem
escuta superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há quem a acolhe momentaneamente,
mas não tem constância e perde tudo; há quem acaba sobrecarregado pelas preocupações
e seduções do mundo; e há quem ouve de modo receptivo como a terra boa: aí a Palavra
frutifica abundantemente." (Angelus, 10 de julho de 2011)
A parábola do
Semeador, recordada pelo Papa, é bastante elucidativa. Para que a Palavra de Deus
ilumine a casa inteira e não seja um inútil ponto de luz colocado no canto, é necessário
que a Palavra se torne para o cristão um alimento ruminado com constância, sozinho
e comunitariamente, com a meditação e a vida dos Sacramentos:
"Ouvir juntos
a Palavra de Deus; superar a nossa surdez para aquelas palavras não condizentes com
os nossos preconceitos e as nossas opiniões; tudo isso constitui um caminho a ser
percorrido para alcançar a unidade na fé como resposta à escuta da Palavra." (Vésperas
Conversão de São Paulo, 26 de janeiro de 2007)
A compreensão da Palavra de
Deus é um dom do próprio Deus. "Pois nada há de oculto que não se torne manifesto,
e nada em segredo que não seja conhecido e venha à luz do dia" – afirma Jesus no Evangelho
segundo Lucas 8,17. É uma garantia do fato que aquela semente – para além do terreno
que a acolherá – deve ser lançada nos sulcos dos corações da Igreja de todos os tempos:
"É
uma Palavra que deve ser testemunhada e proclamada explicitamente, porque sem um testemunho
coerente ela resulta menos compreensível e crível." (Discurso às Pontifícias Obras
Missionárias, 14 de maio de 2011) (RL)