Nova Evangelização e Redemptoris missio: o Espírito Santo protagonista da missão
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, eis-nos aqui para nosso encontro semanal neste
espaço reservado à nova evangelização, desafio pastoral para a Igreja neste terceiro
milênio. De fato, já de há muito a Igreja busca responder àquele incisivo chamado
de João Paulo II, e agora de Bento XVI, a uma evangelização nova, que se tornou sempre
mais, no tempo, uma prioridade na vida da Igreja atual.
Nesse sentido, a Igreja
encontra-se prestes a celebrar, de 7 a 28 de outubro próximo, no Vaticano, um evento
de excepcional importância, ou seja, a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos
Bispos, cuja edição terá como tema "A nova evangelização para a transmissão da fé
cristã", para a qual se olha com grande expectativa considerando a significativa contribuição
que deverá ser dada para a ação evangelizadora da Igreja nas próximas décadas.
E
nesta terça-feira o Santo Padre nomeou os padres sinodais, aos quais se somarão os
delegados enviados pelas conferências episcopais do mundo inteiro. Do Brasil o Papa
nomeou o Bispo de Lorena, SP, Dom Benedito Beni dos Santos, que – junto aos demais
que virão do nosso episcopado – representará a Igreja em nosso país.
Mas retornemos
agora à nossa revisitação à Redemptoris missio, de 1990, sobre a validade permanente
do mandato missionário, iniciando o terceiro capítulo da encíclica de João Paulo II,
capítulo este intitulado "O Espírito Santo protagonista da missão". Trazemos
os números 21 e 22.
21. « No ápice da missão messiânica de Jesus, o Espírito
Santo aparece-nos, no mistério pascal, em toda a Sua subjetividade divina, como Aquele
que deve continuar agora a obra salvífica, radicada no sacrifício da cruz. Esta obra,
sem dúvida, foi confiada aos homens: aos Apóstolos e à Igreja. No entanto, nestes
homens e por meio deles, o Espírito Santo permanece o sujeito protagonista transcendente
da realização dessa obra, no espírito do homem e na história do mundo ». Verdadeiramente
o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente
na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio (cf.
At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos (cf. At 15), e pela escolha dos
territórios e povos (cf. At 16, 6 s). O Espírito Santo age através dos Apóstolos,
mas, ao mesmo tempo, opera nos ouvintes: « pela Sua ação a Boa Nova ganha corpo nas
consciências e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é o
Espírito Santo que dá a vida ». O envio «até aos confins da terra » (At 1, 8) 22.
"Todos os evangelistas, ao narrarem o encontro de Cristo Ressuscitado com os Apóstolos,
concluem com o mandato missionário: « foi-Me dado todo o poder no céu e na terra Ide,
pois, ensinai todas as nações (...) Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim
do mundo » (Mt 28, 18-20; cf. Mc 16, 15-18; Lc 24, 46-49; Jo 20, 21-23). Esta missão
é envio no Espírito, como se vê claramente no texto de S. João: Cristo envia os Seus,
ao mundo, como o Pai O enviou a Ele; e, para isso, concede-lhes o Espírito. Lucas
põe em estreita relação o testemunho que os Apóstolos deverão prestar de Cristo com
a ação do Espírito, que os capacitará para cumprir o mandato recebido."
Amigo
ouvinte, como vimos, o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial.
O anúncio de Jesus Cristo implica a impossibilidade de separar a fé recebida e a fé
testemunhada, testemunho que só é possível com a ação do Espírito Santo que vivifica
e impulsiona a Igreja. E como tudo que a Igreja faz é evangelização – como já ressaltado
neste espaço –, a obra humana deve ser considerada instrumental. De fato, é o Espírito
Santo que, de certo modo, expande a si mesmo no mundo quando evangeliza.
"O
Espírito Santo, que Jesus Cristo concede em abundância, está na origem da Igreja,
que, por sua natureza, é missionária", recorda-nos, em seu prefácio, o documento preparatório
para o referido Sínodo, chamado Lineamenta.
Amigo ouvinte, semana que
vem tem mais, se Deus quiser!