2012-09-19 12:33:29

Seppuku, suicídio ritual


RealAudioMP3 Tóquio (RV) - Ouvintes do Programa Brasileiro, recebam uma saudação cordial desse que lhes fala do Japão.

Cometer suicídio com um rito especial para recuperar a honra pessoal, caso tenha sido perdida, ou limpar o nome da família, não é algo que passa pela cabeça de muita gente. Contudo, o ritual chamado de "Seppuku”, era normal para os samurais japoneses.

Para eles, o motivo para cometer o Seppuku estava na falha de servir ao seu senhor, ou qualquer outro em que estivesse em jogo a lealdade, a honestidade, honra ou a derrota na batalha.

O rito seguia sempre a mesma ordem: o samurai banhava-se para purificar seu corpo e sua alma. Então vestia a roupa branca, própria para o suicídio. Tomava uma xícara de saquê, em dois goles, e escrevia um ou dois poemas de despedida. O passo seguinte era pôr-se de joelhos, enfiar um punhal no lado esquerdo da barriga, ir cortando até o lado direito, deixando as vísceras expostas. A finalidade era mostrar sua pureza de caráter. No fim, puxava a lâmina para cima, traçando uma cruz. Essa técnica de suicídio era horrivelmente dolorosa, mas sendo samurai, de acordo com seu código de honra, não podia demonstrar dor ou medo de praticá-lo.

Entre os guerreiros, o suicídio ritual era considerado um ato de bravura em alguém que havia sido derrotado ou caído em desgraça. Significava que ele terminaria seus dias, com os erros apagados, sua honra não só restabelecida, mas até engrandecida. O corte no abdômen liberava o espírito do samurai. A morte era lenta, dolorosa e desagradável. Algumas vezes, após abrir o ventre, o samurai ainda vivia horas ou dias, até o esgotar do sangue. Quando o suicida não pudesse mais suportar a dor, pedia a um companheiro, leal e exímio espadachim, que lhe cortasse a garganta com um só golpe, sem atingir as vértebras. Assim a cabeça não rolaria para o chão, o que significaria falta de respeito para ele e seus familiares.

Samurais mulheres também podiam cometer o suicídio ritual. Contudo, era necessária a permissão.

O Seppuku, ou suicídio ritual, diminuiu enormemente, nos últimos tempos. Mesmo assim, houve gente famosa que optou por dar um fim à sua vida, ritualmente. Yokyo Mishima, três vezes candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, autor, poeta, ator e diretor de cinema, suicidou-se aos 25 de novembro de 1970, depois de fracassar na tentativa de golpe de estado. Aos 28 de setembro de 2001, foi a vez do judoca, Isao Inokuma, decretar sua saída deste mundo, talvez sob a pressão de dificuldades financeiras da Companhia onde trabalhava.

O tempo de suicídio ritual parece ter chegado ao fim, mas o fracasso, perda da reputação, descoberta de erros continuam sendo motivos de suicídios, embora sem o rito.

“Apenas vencendo o medo da morte, alguém pode descobrir o enigma da vida”.
“ Quem crê no Filho tem a vida eterna" (Jo 3,36).


Missionário Pe. Olmes Milani CS
Do Japão para a Rádio Vaticano







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