Nova Evangelização e Redemptoris missio: a Igreja ao serviço do Reino
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal neste espaço
dedicado à nova evangelização, questão prioritária para a Igreja em nossos dias. Ressaltamos
que estamos a menos de um mês do início do próximo Sínodo dos Bispos, a realizar-se
no Vaticano, de 7 a 28 de outubro próximo, com o tema "A nova evangelização para a
transmissão da fé cristã".
Na edição de hoje concluiremos o segundo capítulo
da Redemptoris missio, capítulo este que tem como título "O Reino de Deus".
Recordamos que a encíclica de João Paulo II é de 1990 e trata da validade permanente
do mandato missionário.
Nossa abordagem se insere no âmbito de uma revisitação
a alguns documentos eclesiais pertinentes à ação evangelizadora, recorrendo assim
ao rico patrimônio magisterial de que dispomos.
De fato, diante de situações
novas que requerem respostas novas, a Igreja faz tesouro da experiência de seus dois
mil anos de anúncio de Jesus Cristo para buscar uma evangelização que seja nova em
seus métodos, em suas expressões, em seu ardor missionário, bem sabendo que os valores
perenes do Evangelho são imutáveis, pois Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Na
edição passada nos ativemos aos números 18 e 19 da Redemptoris missio, que
continuam o tema "O Reino em relação a Cristo e à Igreja".
Nesse sentido, João
Paulo II tece algumas considerações discorrendo sobre a ligação especial da Igreja
com o Reino de Deus e de Cristo, destacando, dentre outros, que não podemos separar
o Reino, da Igreja, afirmando não ser ela fim em si mesma, vez que esta se ordena
ao Reino de Deus, sendo dele princípio, sinal e instrumento.
O Beato Wojtyla
observa ainda que, mesmo sendo distinta de Cristo e do Reino, a Igreja, todavia, está
unida indissoluvelmente a ambos. Mesmo sem excluir a obra de Cristo e do Espírito
fora dos confins visíveis da Igreja, o Papa evidencia a relação única e singular da
Igreja com Cristo e o Reino, que confere a ela um papel específico e necessário.
Mas
para encerrarmos o tema "O Reino em relação a Cristo e à Igreja" passemos ao nº 20,
com o qual finda o segundo capítulo da Redemptoris missio e, com ele, a nossa edição
de hoje:
A Igreja ao serviço do Reino
20. A Igreja está efetiva
e concretamente ao serviço do Reino. Em primeiro lugar, serve-o com o anúncio que
chame à conversão: este é o primeiro e fundamental serviço à vinda do Reino para cada
pessoa e para a sociedade humana. A salvação escatológica começa já agora, na novidade
de vida em Cristo: « a todos os que O receberam, aos que crêem n'Ele, deu o poder
de se tornarem filhos de Deus » (Jo 1, 12). A Igreja serve ainda o Reino, fundando
comunidades, constituindo Igrejas particulares, levando-as ao amadurecimento da fé
e da caridade, na abertura aos outros, no serviço à pessoa e à sociedade, na compreensão
e estima das instituições humanas. A Igreja, além disso, serve o Reino, difundindo
pelo mundo os «valores evangélicos», que são a expressão do Reino, e ajudam os homens
a acolher o desígnio de Deus. É verdade que a realidade incipiente do Reino se pode
encontrar também fora dos confins da Igreja, em toda a humanidade na medida em que
ela viva os «valores evangélicos » e se abra à ação do Espírito que sopra onde e como
quer (cf. Jo 3, 8); mas é preciso acrescentar, logo a seguir, que esta dimensão temporal
do Reino está incompleta, enquanto não se ordenar ao Reino de Cristo, presente na
Igreja, em constante tensão para a plenitude escatológica. As múltiplas perspectivas
do Reino de Deus não enfraquecem os fundamentos e as finalidades missionárias; pelo
contrário, fortificam e expandem-nas. A Igreja é sacramento de salvação para toda
a humanidade; a sua ação não se limita àqueles que aceitam a sua mensagem. Ela é força
atuante no caminho da humanidade rumo ao Reino escatológico, é sinal e promotora dos
valores evangélicos entre os homens. Neste itinerário de conversão ao projeto de Deus,
a Igreja contribui com o seu testemunho e atividade, expressa no diálogo, na promoção
humana, no compromisso pela paz e pela justiça, na educação, no cuidado dos doentes,
na assistência aos pobres e mais pequenos, mantendo sempre firme a prioridade das
realidades transcendentes e espirituais, premissas da salvação escatológica. A
Igreja serve o Reino também com a sua intercessão, uma vez que aquele, por sua natureza,
é dom e obra de Deus, como lembram as parábolas evangélicas e a própria oração que
Jesus nos ensinou. Devemos suplicá-lo, para que seja acolhido e cresça em nós; mas
devemos simultaneamente cooperar a fim de que seja aceito e se consolide entre os
homens, até Cristo « entregar o Reino a Deus Pai », altura essa em que « Deus será
tudo em todos » (1 Cor 15, 24.28).
Amigo ouvinte, por hoje é só, semana que
vem tem mais, se Deus quiser!