Uma viagem frutuosa - assim define o P. Lombardi a viagem do Papa ao Líbano
“Parece-me que a viagem
foi um grande sucesso do ponto de vista espiritual, mas também humano: sob o ponto
de vista de todos os objectivos do programa. Havia, naturalmente, uma viagem para
o Líbano, para a terra libanesa, que aguardava a visita do Papa para um conforto na
sua unidade, na sua paz interna, para a convivência das suas diversas componentes,
e este resultado foi obtido. O acolhimento dado ao Papa demonstrava o desejo que
havia da parte de todos de receber essa mensagem de paz, de estima, de encorajamento
da parte do Papa. Esse objectivo foi, portanto, atingido. Essa mensagem chegou também
às comunidades de diversos ritos que compõem a Igreja católica no Médio Oriente. O
Papa visitou os quatro Patriarcas orientais presentes em Beirute, falou várias vezes
do comum empenho da Igreja e teve também um momento ecuménico no Patriarcado siro-católico
com os cristãos de outras confissões religiosas. Do ponto de vista inter-religioso,
sobretudo no que toca às relações com os muçulmanos, diria que se trata de uma viagem
muito frutuosa, seja pelo encontro com os quatro líderes da comunidade muçulmana (sunita,
chiita, drusa e alawita) seja pelas continuas referências que o Papa fez nos seus
discursos ao bom entendimento, à procura de uma bom relacionamento e à colaboração
entre cristãos e muçulmanos: disse-o aos jovens, aos responsáveis políticos, a todos.
Isto foi como que um refrão que atravessou toda a viagem do Santo Padre. E por aquilo
que me disseram, também os muçulmanos manifestam grande interesse em relação à Exortação
pós-sinodal, como um documento que se dirige antes de mais aos cristãos, claro!, mas
que pode ser interessante também para eles, porque se dão conta da necessidade não
só de viver em paz exteriormente, mas também com um crescente conhecimento e apreciação
daquilo em que os cristãos acreditam e são.”
O tema da paz foi dominante,
forte, em toda a viagem; aliás, o lema da viagem era precisamente “A paz esteja convosco”.
Muitos os apelos do Papa, alguns até inéditos, por assim dizer…
“Sim,
a paz era claramente o tema principal desta viagem. O Papa disse: “sou um peregrino
de paz”. É um peregrino de paz para todo o Médio Oriente, não só para o Líbano. Acho
que o que é preciso observar é, (dadas as tensões destes dias), a forma como esta
mensagem vai ter eco em toda a região, ultrapassando os confins do Líbano. Esta é
a nossa grande esperança e é bom que o Papa tenha tido a coragem de vir transmitir
esta mensagem de esperança precisamente num momento em que há preocupações particulares.
Estas preocupações podem de certo modo diminuir um pouco o efeito desta boa mensagem
do Papa, mas ao mesmo tempo, põem-na mais em relevo. Como habitualmente, o Papa dirigiu-se
à comunidade internacional que, naturalmente, pela sua co-responsabilidade, tem de
ser envolvida, comunidade que se apresenta, como se sabe, com todas os seus problemas
e divisões. É, portanto, sempre necessário lançar apelos no sentido de uma obra mais
unitária e solidária da sua parte. Mas houve também um apelo bastante original no
Angelus, dirigido aos países árabes propriamente ditos, com espírito de fraternidade,
porque são considerados, de per si, irmãos. E isto, a meu ver, é sinal, de certo modo,
de inserção no ambiente em que o Papa viveu nestes dias, quer dizer, no contexto dos
países do mundo árabe é um apelo à sua responsabilidade, a agir de forma mais coordenada
para a paz”.
Em todos os momentos da visita, mas sobretudo na missa e no
encontro com os jovens viu-se o entusiasmo, mas também a comoção, se assim podemos
dizer, por ver o Papa, o Papa que teve a coragem de vir ao Líbano… Penso que o tenha
sido também para o Santo Padre o encontro com os jovens, muitos dos quais vivem também
situações de sofrimento…
“A comoção é algo que vejo sempre
nos olhos das pessoas durante as viagens do Santo Padre, porque todos em todas as
partes do mundo dão-se conta de que o empenho, o esforço, a coragem, a intensidade
espiritual com que o Papa se faz presente é um dom extraordinário. Então, por vezes,
basta que as pessoas ao lado das ruas vejam por poucos segundos o Papa a passar para
se comoverem de forma indescritível e inesquecível. Mas aqui no Líbano havia, para
além disso, recordações doutros momentos extraordinários: aquela dos encontro dos
jovens com João Paulo II, encontro que permanece ainda intensamente vivo na memória
das pessoas. E estamos felizes que tenha sido possível repetir esta experiencia com
os jovens presentes e, através da televisão, com os de todo o país, porque os jovens
são o presente e, claro, também o futuro. Então, quando o Papa diz aos jovens cristãos,
mas também a cristãos e muçulmanos conjuntamente, para terem esperança, a não abandonarem
os seus países e a empenharem-se conjuntamente no sentido de construir um futuro melhor
para a região, resistindo a aos problemas que todos os jovens do mundo encontram na
própria vida, mas também a resistência a temores e a desencorajamentos que possam
aparecer em regiões particularmente sofredoras… , bem era uma mensagem muito forte.
Os dois jovens que falaram ao Papa no início do encontro exprimiram com muita eficácia
o espírito com que os jovens aguardavam esse encontro. Esperamos que tenham compreendido
a capacidade do Papa de dar respostas profundas, não supérfluas, respostas que exigem
um empenho também da parte dos jovens agora e no futuro.”