Rio de Janeiro (RV) - No dia da Exaltação da Santa Cruz, a Arquidiocese de
São Sebastião do Rio de Janeiro lançará para o mundo, através do Comité Organizador
Local da JMJ Rio 2013, o Hino Oficial desse evento jovem que está movimentando a Igreja
de nossa cidade.
O lançamento será no Bairro de Santa Cruz, que nesse dia completa
445 anos, e onde acontecerá também a Vigília e a Missa de Envio no encerramento da
JMJ em julho do próximo ano.
Estamos todos unidos à cruz da JMJ, que ora está
na região Amazônica e que já atravessou mais da metade do país. Ela foi enviada pelo
Beato Papa João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude, para que o
povo jovem anunciasse Jesus Cristo a todas as nações.
A cruz, hoje acompanhada
pelo ícone de Nossa Senhora, chegará ao Rio de Janeiro às vésperas da Jornada. Será
então o grande momento do protagonismo juvenil capaz de transformar o mundo para melhor.
É esse o sentido de nossa oração e é também esse o sentido do hino oficial da Jornada
Mundial da Juventude que está sendo lançado nesta festa.
Foram muitas as contribuições
(mais de 180) que vieram do mundo inteiro. Uma equipe especializada escolheu os vinte
possíveis hinos, que, depois de outra seleção, chegou-se aos três mais cotados. Todos
poderiam ajudar o jovem a cantar sua fé e sua esperança. Porém, tínhamos que escolher
apenas um deles. Agora é conhecê-lo, divulgá-lo, traduzi-lo nas diversas línguas e
manifestar a alegria jovem que brota do coração do Redentor que bate forte pelo povo
que Ele salvou.
A festa da exaltação da Santa Cruz remonta ao século IV. Segundo
a “Crônica de Alexandria”, Helena, a mãe do Imperador Constantino, encontrou a Cruz
original da crucificação de Jesus. Isso teria sido em 14 de setembro do ano 320. Sobre
esses fatos surge a comemoração anual, o que é atestado por volta do quinto século.
A data é comum tanto no Ocidente quanto no Oriente, quando o Papa Sergio I (687-701)
ordenou a sua festa.
Porém, outra explicação mais catequética é que a data
de 14 de setembro foi preparada com o simbolismo dos 40 dias. Na verdade, 28-29 de
junho – festa dos apóstolos Pedro e Paulo – comemora-se no Judaísmo a transfiguração
de Moisés no Monte Sinai (Êxodo 34, 29-35); após 40 dias, a seis de agosto, nós celebramos
a Transfiguração do Senhor; e, finalmente, 40 dias depois, em 14 de setembro, a festa
da Santa Cruz.
A escolha também foi ditada, certamente, por outras idéias teológicas
como, por exemplo, uma referência à festa das Tendas, que varia a cada ano a partir
de meados de setembro para outubro, quando se celebra a festa da luz, o santuário
e o altar. Precisamente o que a Cruz e a Ressurreição do Senhor tinham cumprido através
da economia do memorial permanente da redenção, que se deu precisamente na cruz.
A
cruz é para os cristãos a árvore da vida, o tálamo, o trono, o altar da nova e eterna
aliança. Uma vez que Cristo, novo Adão, adormecido na Cruz, deu à luz o admirável
sacramento da Igreja, a cruz se torna o sinal do senhorio de Cristo sobre aqueles
que são configurados no Batismo com Ele na morte e na glória. Na Patrística, é o sinal
do Filho do Homem que aparecerá no final dos tempos. O amor todo se manifesta na Cruz.
Santa
Teresa d’Ávila disse em seus colóquios de amor com Cristo: “a cruz é vida e conforto,
o único caminho para o céu”. Assim, a Cruz, antes de ser sinal de tortura e de sofrimento,
é sinal de misericórdia, esperança, abrigo, reflexão, inspiração, perdão, paixão,
amor, paz e vitória sobre o sofrimento e a dor.
Jesus Cristo se ofereceu livremente
à Paixão da Cruz e abriu o sentido e o destino de nossa vida. Com Ele temos na Cruz
os braços abertos e o coração aberto a serviço do Pai. Nele conseguimos ver e sentir
a esperança, a eternidade.
A Cruz é uma história de amor, o sentido maior do
esvaziamento (Kenosis) do Filho, onde Ele demonstra que Seu amor não tem limites,
e que mesmo o medo da morte não poderia manchar o seu compromisso maior: fazer a vontade
do Pai.
A Sua morte foi, sim, o início de Sua glorificação, pois o próprio
Pai O exaltou. O que se exalta não é a cruz/sofrimento. O que se exalta é o amor incondicional
de um Deus que partilhou a nossa condição humana e comprometeu-se com a realização
do Reino até o fim. Na Cruz, Cristo, hoje Ressuscitado, deu a vida por nós. Por isso
“nossa glória é a Cruz onde nos salvou Jesus”.
Temos que exaltar o Cristo que,
tendo amado os seus, amou-os até o fim (Jo 13,1). E exaltar a Deus que deu Seu filho
unigênito para que todos tenham vida em Seu nome (Jo 3, 16 e Gn 22, 2).
O próprio
Deus quis tornar-se um de nós, até mesmo no sofrimento e na tristeza de alma. Um Deus
que nos envolve com Seu amor extremado, infinito, demonstrado não em grandes mistérios,
mas em verdade e em vida.
Cada vez que fazemos o sinal da cruz invocando a
Santíssima Trindade recordamos desse mistério. Por isso trazemos a cruz em nossas
Igrejas, casas, locais de trabalho, conosco – acreditamos em um Deus que deu a vida
por nós e tornou a cruz um sinal de salvação. O cristão sabe, pela cruz, que a nossa
limitação nunca será capaz, nunca será suficiente para contemplarmos toda essa imensidade
de amor. Mas, nela, na Cruz, podemos experimentar esse amor. E a única chave de compreensão
de nossa existência é certamente pelo amor. Só o amor explica a nossa vida, e nos
solicita para a vida. Assim celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz, ou a festa
da Exaltação do Supremo Amor.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ