2012-09-12 12:16:50

"Tunísia é um laboratório político"


Túnis (RV) – “A Tunísia neste momento é um laboratório político interessantíssimo. O debate político é muito intenso e vivaz”: foi o que disse à agência Fides, Padre Jawad Alamat, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) da Tunísia. “Tenho a impressão de que os partidos de esquerda estejam se reorganizando para reagir contra a vitória de Ennhada, o partido de inspiração islâmica no poder. Percebe-se, com efeito, certa desilusão no eleitorado daquele partido. As pessoas esperavam que os seus dirigentes tivessem a solução pronta para os problemas do país, mesmo que tenham chegado ao poder há pouquíssimo tempo. Estamos assim num momento no qual é possível um reequilíbrio no panorama político tunisino”.

Sobre as manifestações violentas dos salafitas (ataques a hotéis onde se vendem álcool, ocupação das universidades de Túnis para protestar contra a lei que proibia o véu às estudantes, lei depois ab-rogada), que tiveram ampla repercussão na imprensa internacional, Padre Alamat observa: “Não é preciso dar muito peso aos salafitas, porque quanto mais falamos neles, mais se tornam importantes. Na realidade, não são tão importantes, o fato é que fazem mais barulho do que os outros. Trata-se de uma minoria bem organizada que, quando se movimenta, o faz em massa, obtendo assim um forte impacto mediático”.

“O que está acontecendo - continua o sacerdote - é um confronto dentro do Islamismo, entre os extremistas, como os salafitas, e quem tem uma visão mais equilibrada e mais aberta. É, portanto, interessante assistir a esta discussão dentro do mundo muçulmano, que se realiza depois na vida política, porque no Islamismo não tem separação entre a religião e o Estado. O debate é entre quem quer um Estado e uma sociedade abertos e modernos, como foi até agora na Tunísia, e quem ao invés quer destacar a própria identidade islâmica”.

O Diretor das POM da Tunísia destaca ainda que “a comunidade cristã continua vivendo tranquilamente, levando avante as próprias atividades”. “Enfim, a sociedade tunisina está em movimento e é normal que haja incertezas nesta fase de democratização. No entanto, o povo permanece vigilante, e observa com atenção o que faz ou não o governo, e saberá votar de modo consciente nas próximas eleições”, conclui Padre Alamat. (SP)








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