2012-09-11 12:08:21

Pastoral de Rua na África em debate de 11 a 15 em Dar-Es-Salaam - Entrevista com o Cardeal Veglió


Tem início neste dia 11 em Dar-Es-Salaam, na Tanzânia o “Primeiro Encontro Integrado de Pastoral da Estrada e da Rua” para o continente africano. Promovido pelo Conselho Pontifício para Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMPD), o encontro que se concluirá no dia 15, reúne bispos, responsáveis de comissões episcopais relacionados COM as migrações, justiça e paz, e pessoas ligadas à defesa das mulheres e crianças. O Cardeal António Maria Veglió, Presidente do CPPMPD ilustra melhor as metas do encontro…


Como nasceu a ideia deste encontro continental dedicado à pastoral da rua em África?

A Pastoral da Rua olha de modo particular para quatro categorias de pessoas: mulheres/rapazes da rua, crianças/rapazes da rua, pessoas sem abrigo, encarregados dos transportes na rua e, de uma maneira geral, tudo o que tem que ver com a segurança rodoviária. Todas estas pessoas têm cabimento no grande fenómeno da itinerância de que este Conselho Pontifício tem a competência.
O Congresso da Tanzânia é o último de uma serie de encontros continentais já realizados por este Dicastério ao longo dos últimos quatro anos e que tiveram lugar, respectivamente na América Latina em 2008, na Europa em 2009 e na Ásia e Oceânia em 2010. Neste encontro constatamos que existe um grande atenção, a nível internacional, em relação a esta realidade humana. Estou profundamente grato ao Cardeal Secretario de Estado pela carta que enviou, em nome do Santo Padre, para este encontro e que será lida na cerimónia de abertura.

Há alguma relação entre este encontro e a exortação pós-sinodal Africae Munus de Bento XVI?

Há referências na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Africae Munus de Bento XVI sobre a realidade das mulheres, dos jovens e das crianças em África. Posso referir, de modo particular os parágrafos que estão entre o número 42 e 68 sob o título: "Viver juntos". O Santo Padre toma aí em consideração a complexa realidade da família africana, exprimindo o desejo de que haja uma maior atenção para com a dignidade e a salvaguarda do núcleo familiar. O Encontro vai reflectir também sobre as circunstâncias sociais e políticas que podem fazer com que componentes da família tenham de ir para poderem sobreviver.

O congresso vai ocupar-se também dos cuidados pastorais para com as mulheres e/ou das raparigas implicadas na prostituição voluntária ou forçada em África?

Sim, o Encontro ocupar-se-á da realidade das mulheres que, também no continente africano, vendem o próprio corpo, seja voluntaria, seja involuntariamente, tornando-se, frequentemente, vitimas de novas formas de escravidão. Na Exortação Africae Munus, o Santo Padre faz apelo ao povo africano para que promova todas as iniciativas possíveis a favor das raparigas e das mulheres que são muitas vezes menos favorecidas do que os rapazes e os homens. Como refere a Exortação nos números 55 a 59, demasiado numerosas são ainda as práticas que humilham as mulheres e as vê à luz de tradições ancestrais. Por isso, o Santo Padre, juntamente com os padres sinodais convida "insistentemente os discípulos de Cristo a combater todos os actos de violência contra as mulheres, a denunciá-los e a condená-los."

Que tipo de colaboração pode existir a nível continental e regional, também no âmbito eclesial, para combater estes males sociais?

Gostaria de sublinhar que, tal como indica o Santo Padre no documento Africae Munus, é necessário que o empenho nesta direcção seja dúplice, isto é, da parte dos Estados e das Igrejas locais. Noto com grande satisfação que já começaram algumas formas de cooperação, como por exemplo a entre o Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) e o Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SECAM), tendo como meta a evangelização e a promoção humana.

Existem problemáticas pastorais particulares que têm que ver com os auto-transportadores e a segurança rodoviária no continente africano?

O congresso contará com a presença de um representante da ITF (Federação Internacional dos Transportes), que ilustrará os problemas e as necessidades dos encarregados dos transportes, os quais enfrentam grandes mudanças, apesar dos baixos salários, de não terem seguro de trabalho e de saúde, de estarem expostos a múltiplas dificuldades, como a distância da família, as longas esperas junto à fronteira, o cansaço e a corrupção. O arcebispo de Joanesburgo deteve-se sobre este assunto com o objectivo de oferecer indicações e orientações pastorais à luz da educação e da evangelização na rua.

Pode-nos dar alguma informação sobre o congresso, os participantes e com vai desenrolar-se?

Os participantes inscritos são 85 provenientes de trinta e uma nações do continente. Entre eles estão 15 bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e leigos, que são delegados das Comissões Episcopais para os migrantes e os itinerantes, da Cáritas Internacional e dos institutos religiosos envolvidos na pastoral das pessoas que vivem na rua e da rua.








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