Pastoral de Rua na África em debate de 11 a 15 em Dar-Es-Salaam - Entrevista com o
Cardeal Veglió
Tem início neste dia 11 em Dar-Es-Salaam, na Tanzânia o “Primeiro Encontro Integrado
de Pastoral da Estrada e da Rua” para o continente africano. Promovido pelo Conselho
Pontifício para Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMPD), o encontro que se concluirá
no dia 15, reúne bispos, responsáveis de comissões episcopais relacionados COM as
migrações, justiça e paz, e pessoas ligadas à defesa das mulheres e crianças. O Cardeal
António Maria Veglió, Presidente do CPPMPD ilustra melhor as metas do encontro…
Como
nasceu a ideia deste encontro continental dedicado à pastoral da rua em África?
A
Pastoral da Rua olha de modo particular para quatro categorias de pessoas: mulheres/rapazes
da rua, crianças/rapazes da rua, pessoas sem abrigo, encarregados dos transportes
na rua e, de uma maneira geral, tudo o que tem que ver com a segurança rodoviária.
Todas estas pessoas têm cabimento no grande fenómeno da itinerância de que este Conselho
Pontifício tem a competência. O Congresso da Tanzânia é o último de uma serie de
encontros continentais já realizados por este Dicastério ao longo dos últimos quatro
anos e que tiveram lugar, respectivamente na América Latina em 2008, na Europa em
2009 e na Ásia e Oceânia em 2010. Neste encontro constatamos que existe um grande
atenção, a nível internacional, em relação a esta realidade humana. Estou profundamente
grato ao Cardeal Secretario de Estado pela carta que enviou, em nome do Santo Padre,
para este encontro e que será lida na cerimónia de abertura.
Há alguma
relação entre este encontro e a exortação pós-sinodal Africae Munus de Bento XVI?
Há referências na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Africae Munus de Bento
XVI sobre a realidade das mulheres, dos jovens e das crianças em África. Posso referir,
de modo particular os parágrafos que estão entre o número 42 e 68 sob o título: "Viver
juntos". O Santo Padre toma aí em consideração a complexa realidade da família africana,
exprimindo o desejo de que haja uma maior atenção para com a dignidade e a salvaguarda
do núcleo familiar. O Encontro vai reflectir também sobre as circunstâncias sociais
e políticas que podem fazer com que componentes da família tenham de ir para poderem
sobreviver.
O congresso vai ocupar-se também dos cuidados pastorais para
com as mulheres e/ou das raparigas implicadas na prostituição voluntária ou forçada
em África?
Sim, o Encontro ocupar-se-á da realidade das mulheres que, também
no continente africano, vendem o próprio corpo, seja voluntaria, seja involuntariamente,
tornando-se, frequentemente, vitimas de novas formas de escravidão. Na Exortação
Africae Munus, o Santo Padre faz apelo ao povo africano para que promova todas as
iniciativas possíveis a favor das raparigas e das mulheres que são muitas vezes menos
favorecidas do que os rapazes e os homens. Como refere a Exortação nos números 55
a 59, demasiado numerosas são ainda as práticas que humilham as mulheres e as vê à
luz de tradições ancestrais. Por isso, o Santo Padre, juntamente com os padres sinodais
convida "insistentemente os discípulos de Cristo a combater todos os actos de violência
contra as mulheres, a denunciá-los e a condená-los."
Que tipo de colaboração
pode existir a nível continental e regional, também no âmbito eclesial, para combater
estes males sociais?
Gostaria de sublinhar que, tal como indica o Santo
Padre no documento Africae Munus, é necessário que o empenho nesta direcção seja dúplice,
isto é, da parte dos Estados e das Igrejas locais. Noto com grande satisfação que
já começaram algumas formas de cooperação, como por exemplo a entre o Conselho das
Conferências Episcopais Europeias (CCEE) e o Simpósio das Conferências Episcopais
da África e Madagáscar (SECAM), tendo como meta a evangelização e a promoção humana.
Existem
problemáticas pastorais particulares que têm que ver com os auto-transportadores e
a segurança rodoviária no continente africano?
O congresso contará com
a presença de um representante da ITF (Federação Internacional dos Transportes), que
ilustrará os problemas e as necessidades dos encarregados dos transportes, os quais
enfrentam grandes mudanças, apesar dos baixos salários, de não terem seguro de trabalho
e de saúde, de estarem expostos a múltiplas dificuldades, como a distância da família,
as longas esperas junto à fronteira, o cansaço e a corrupção. O arcebispo de Joanesburgo
deteve-se sobre este assunto com o objectivo de oferecer indicações e orientações
pastorais à luz da educação e da evangelização na rua.
Pode-nos dar alguma
informação sobre o congresso, os participantes e com vai desenrolar-se?
Os
participantes inscritos são 85 provenientes de trinta e uma nações do continente.
Entre eles estão 15 bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e leigos, que são
delegados das Comissões Episcopais para os migrantes e os itinerantes, da Cáritas
Internacional e dos institutos religiosos envolvidos na pastoral das pessoas que vivem
na rua e da rua.