2012-09-11 17:12:18

Nova Evangelização e Redemptoris missio: em Cristo o Reino se tornou presente e plenamente se realizou


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, continuamos hoje com a Redemptoris missio, no âmbito de nossa revisitação a alguns documentos magisteriais pertinentes à ação evangelizadora da Igreja. Lembramos que tal revisitação é expressão do nosso propósito de aproximar-nos de tais importantes documentos do Magistério da Igreja em vista do Sínodo dos Bispos que terá início, no Vaticano, daqui a um mês, sobre a nova evangelização. Padres sinodais provenientes do mundo inteiro debaterão, discutirão e refletirão em torno do tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".

Recordamos que a Redemptoris missio, encíclica de João Paulo II de 1990, trata da validade permanente do mandato missionário. Estamos no segundo capítulo, que tem como título o "Reino de Deus". Na edição passada trouxemos os números 16 e 17. Destacamos a conclusão do nº 16, no qual se afirma que a pregação primitiva da Igreja se concentra "sobre o anúncio de Jesus Cristo, com o qual o Reino se identifica". Nisso reside a missão da Igreja, que existe para evangelizar, sendo a evangelização o momento do anúncio explícito de Jesus. O nº 17 destaca algumas concepções do Reino nem sempre em consonância com o sentir da Igreja, chamando a atenção para certos aspectos que tais concepções revelam. Passemos aos números 18 e 19, que continuam o tema "O Reino em relação a Cristo e à Igreja":

18. Ora este não é o Reino de Deus, que conhecemos pela Revelação: ele não pode ser separado de Cristo nem da Igreja.
Como já se disse, Cristo não só anunciou o Reino, mas, n'Ele, o próprio Reino se tornou presente e plenamente se realizou. E não apenas através das Suas palavras e obras: « o Reino manifesta-se principalmente na própria pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do Homem, que veio 'para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos' (Mc 10, 45) ». O Reino de Deus não é um conceito, uma doutrina, um programa sujeito a livre elaboração, mas é, acima de tudo, uma Pessoa que tem o nome e o rosto de Jesus de Nazaré, imagem do Deus invisível. Se separarmos o Reino, de Jesus, ficaremos sem o Reino de Deus por Ele pregado, acabando por se distorcer quer o sentido do Reino, que corre o risco de se transformar numa meta puramente humana ou ideológica, quer a identidade de Cristo, que deixa de aparecer como o Senhor, a Quem tudo se deve submeter (cf. 1 Cor 15, 27).
De igual modo, não podemos separar o Reino, da Igreja. Com certeza que esta não é fim em si própria, uma vez que se ordena ao Reino de Deus, do qual é princípio, sinal e instrumento. Mesmo sendo distinta de Cristo e do Reino, a Igreja todavia está unida indissoluvelmente a ambos. Cristo dotou a Igreja, Seu Corpo, da plenitude de bens e de meios da salvação; o Espírito Santo reside nela, dá-lhe a vida com os Seus dons e carismas, santifica, guia e renova-a continuamente. Nasce daí uma relação única e singular que, mesmo sem excluir a obra de Cristo e do Espírito fora dos confins visíveis da Igreja, confere a esta um papel específico e necessário. Disto provém a ligação especial da Igreja com o Reino de Deus e de Cristo, que ela tem « a missão de anunciar e estabelecer em todos os povos ».

19. Nesta visão de conjunto, é que se compreende a realidade do Reino. É verdade que ele exige a promoção dos bens humanos e dos valores, que podem mesmo ser chamados « evangélicos », porque intimamente ligados à Boa Nova. Mas essa promoção, que a Igreja também toma a peito realizar, não deve ser separada nem contraposta às outras suas tarefas fundamentais, como são o anúncio de Cristo e Seu Evangelho, a fundação e desenvolvimento de comunidades que atuem entre os homens a imagem viva do Reino. Isto não nos deve fazer recear que se possa cair numa forma de eclesiocentrismo. Paulo VI, que afirmou existir « uma profunda ligação entre Cristo, a Igreja e a evangelização », disse também que a Igreja « não é fim em si própria, pelo contrário, deseja intensamente ser toda de Cristo, em Cristo e para Cristo, e toda dos homens, entre os homens e para os homens».

Recordamos a esse propósito, amigo ouvinte, que o documento conciliar Lumen gentium - Constituição dogmática sobre a Igreja – afirma que a Igreja não é idêntica ao Reino, mas sacramento do Reino: "...a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo gênero humano" (LG, 1).

Amigo ouvinte, por hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!







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