Dili (RV) – Encerra-se esta segunda-feira na capital timorense, Dili, o X Encontro
dos Bispos Lusófonos.
Durante cinco dias, bispos provenientes de Angola, Brasil,
Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste tiveram a oportunidade
de conhecer a realidade local e compartilhar preocupações e desafios que unem os países
lusófonos. As seitas foram o tema central das reuniões, como nos explica o representante
da CNBB neste encontro, Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas (TO), que relata
que este fenômeno se apresenta de maneira parecida nos países de língua portuguesa:
Por incrível
que pareça, ela se apresenta do mesmo jeito: até porque elas são multinacionais. São
transferidas, vagueiam, nascem num lugar e se expressam num outro. Sobretudo as de
matrizes norte-americanas e as brasileiras, além de contar as que nascem nesses países.
Elas têm uma série de coincidências, de elementos que as fazem muito parecidas. O
método de trabalho, a proposta, e também quem é que elas estão arrebanhando.
Por
que elas encontram terreno fértil nos países lusófonos?
O porquê é bem complexo,
mas nós fazemos um mea culpa. Nós também deixamos essas lacunas.
Mas nós dizemos que é a mudança de ética, as pessoas estão ávidas de novidade, de
coisas que resolvam imediatamente seus problemas, de alguém que faça uma cura, uma
libertação, um milagre, que dê aquilo que eu não posso conseguir com outros meios.
E a Igreja não trabalha nessa onda de imediatismo, do consumismo religioso, do fundamentalismo,
do subjetivismo.
Então cada um é dono de si mesmo, acha que Deus é
só para mim. É um Deus muito individualista, vai me dar isso, vai me dar aquilo. Então
esses são os fenômenos, independentemente do país, do trabalho e da missão da Igreja,
chegam porque o mundo de hoje, o homem e a mulher de hoje, consome esse tipo de proposta.
As pessoas estão realmente buscando algo que nós não podemos dar. Nós podemos dar
uma certeza, um conforto, a solidariedade, mas a dor e a morte não se pode evitar.
No fundo, eles pregam um Cristianismo sem Cruz, aí não dá para viver no Cristianismo
sem Cruz, sem a dor, a morte, o sofrimento. Não podemos banalizar nem justificar.
Essas coisas existem no meio de nós, temos que contar com isso. O Cristo morreu na
Cruz, não podemos fugir da Cruz. Então esse Cristianismo adocicado, emocionalmente
melhorado, as pessoas gostam disso. Por isso que elas buscam esse viés, este espaço,
onde as pessoas querem a salvação para elas mesmas, independentemente do mistério
da dor, da cruz, do sofrimento, que é a vida normal de cada um de nós.