"Desafios culturais para a Nova Evangelização": V encontro das POM do Cone Sul
Assunção (RV) – Encerra-se este domingo, 9 de setembro, o V Encontro dos Diretores
e Secretários nacionais das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Cone Sul, que
se realiza em San Lorenzo, a 12 km de Assunção, no Paraguai.
Participam do
evento 21 representantes das POM provenientes de Argentina, Uruguai, Chile, Brasil
e Paraguai.
Um dos temas debatidos foi a questão dos povos indígenas no Paraguai,
sua identidade e situação sociocultural, apresentada pela Ir. Raquel Peralta, SSpS.
“Eles
têm direito de conservar e viver sua cultura, sua língua, economia e educação”, afirmou
a indigenista, ao descrever a difícil situação que enfrentam no país. “Quem deseja
se aproximar desses povos precisa de muito cuidado. Esse é um grande desafio missionário.
São culturas ricas, mas por outro lado, são culturas mutáveis”, salientou.
Segundo
estatísticas de 2008, no Paraguai vivem 110 mil indígenas, ou seja, apenas 1,7 % da
população total do país. Cerca de 90% se encontram nas áreas rurais, distribuídos
em 512 comunidades e apenas 8,5% nas cidades. Contudo, nos últimos anos, vem ocorrendo
um êxodo para centros urbanos, principalmente dos povos Mbyá Guarani e Avá Guarani.
Irmã Raquel observou ainda que 95% da população do Paraguai fala sua língua materna,
mas apenas 2% se autodenomina indígena.
Outra questão levantada foi a construção
das hidrelétricas binacionais de Itaipu (Brasil-Paraguai) e Yacyretá (Argentina- Paraguai),
obras realizadas sem consultar as comunidades. Somente a construção da Itaipu cobriu
50 mil hectares de terra e fez desaparecer 42 comunidades. Passados 40 anos, as questões
relacionadas ao impacto socioambiental ainda não foram tratadas conforme prometido.
Até agora, a empresa devolveu apenas mil hectares de terra e financiou alguns
programas sociais de assistência. “As comunidades indígenas ao sul de Itaipu exigem
do Estado paraguaio a reparação histórica pelos danos causados pela construção da
barragem”, destacou Irmã Raquel.
A pesar das dificuldades, os indígenas estão
se fortalecendo e obtendo algumas conquistas, como a participação na elaboração da
constituinte nacional, a criação de organizações e associações próprias, avanços na
educação e maior presença nos meios de comunicação. Na Igreja, obtiveram acesso aos
ministérios ordenados e à Vida Consagrada. Entre os maiores desafios, Irmã Raquel
aponta o diálogo com as culturas indígenas, passar da pluriculturalidade à interculturalidade
e elaborar novas leis sobre os direitos indígenas.
Esses encontros tiveram
início em 2007, na Argentina, por iniciativa dos Diretores nacionais das POM de Brasil,
Argentina e Paraguai. O segundo encontro foi realizado no Chile (2008), depois no
Brasil (2009) e a seguir no Uruguai (2010). As primeiras duas edições reuniram somente
os Diretores nacionais, aos quais nos anos sucessivos se acrescentaram os Secretários
nacionais das quatro POM. O encontro deste ano apresenta mais uma novidade: a participação
dos representantes da Juventude Missionária. O encontro se encerra com a visita à
cidade de Assunção e à Basílica Nacional de Caacupé.