2012-09-09 13:51:47

"Desafios culturais para a Nova Evangelização": V encontro das POM do Cone Sul


Assunção (RV) – Encerra-se este domingo, 9 de setembro, o V Encontro dos Diretores e Secretários nacionais das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Cone Sul, que se realiza em San Lorenzo, a 12 km de Assunção, no Paraguai.

Participam do evento 21 representantes das POM provenientes de Argentina, Uruguai, Chile, Brasil e Paraguai.

Um dos temas debatidos foi a questão dos povos indígenas no Paraguai, sua identidade e situação sociocultural, apresentada pela Ir. Raquel Peralta, SSpS.

“Eles têm direito de conservar e viver sua cultura, sua língua, economia e educação”, afirmou a indigenista, ao descrever a difícil situação que enfrentam no país. “Quem deseja se aproximar desses povos precisa de muito cuidado. Esse é um grande desafio missionário. São culturas ricas, mas por outro lado, são culturas mutáveis”, salientou.

Segundo estatísticas de 2008, no Paraguai vivem 110 mil indígenas, ou seja, apenas 1,7 % da população total do país. Cerca de 90% se encontram nas áreas rurais, distribuídos em 512 comunidades e apenas 8,5% nas cidades. Contudo, nos últimos anos, vem ocorrendo um êxodo para centros urbanos, principalmente dos povos Mbyá Guarani e Avá Guarani. Irmã Raquel observou ainda que 95% da população do Paraguai fala sua língua materna, mas apenas 2% se autodenomina indígena.

Outra questão levantada foi a construção das hidrelétricas binacionais de Itaipu (Brasil-Paraguai) e Yacyretá (Argentina- Paraguai), obras realizadas sem consultar as comunidades. Somente a construção da Itaipu cobriu 50 mil hectares de terra e fez desaparecer 42 comunidades. Passados 40 anos, as questões relacionadas ao impacto socioambiental ainda não foram tratadas conforme prometido.

Até agora, a empresa devolveu apenas mil hectares de terra e financiou alguns programas sociais de assistência. “As comunidades indígenas ao sul de Itaipu exigem do Estado paraguaio a reparação histórica pelos danos causados pela construção da barragem”, destacou Irmã Raquel.

A pesar das dificuldades, os indígenas estão se fortalecendo e obtendo algumas conquistas, como a participação na elaboração da constituinte nacional, a criação de organizações e associações próprias, avanços na educação e maior presença nos meios de comunicação. Na Igreja, obtiveram acesso aos ministérios ordenados e à Vida Consagrada. Entre os maiores desafios, Irmã Raquel aponta o diálogo com as culturas indígenas, passar da pluriculturalidade à interculturalidade e elaborar novas leis sobre os direitos indígenas.

Esses encontros tiveram início em 2007, na Argentina, por iniciativa dos Diretores nacionais das POM de Brasil, Argentina e Paraguai. O segundo encontro foi realizado no Chile (2008), depois no Brasil (2009) e a seguir no Uruguai (2010). As primeiras duas edições reuniram somente os Diretores nacionais, aos quais nos anos sucessivos se acrescentaram os Secretários nacionais das quatro POM. O encontro deste ano apresenta mais uma novidade: a participação dos representantes da Juventude Missionária. O encontro se encerra com a visita à cidade de Assunção e à Basílica Nacional de Caacupé.

(BF)








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