Islamabad (RV) - O tribunal de Islamabad, no Paquistão, aceitou nesta sexta-feira,
o pedido de liberdade para Rimsha Masih, garota cristã que sofre de síndrome de Down,
encarcerada em 16 de agosto sob acusação de blasfêmia. Foi paga uma fiança para a
libertação de Rimsha.
A decisão era esperada depois de o seu acusador, o imame
Khalid Chishti, ter sido preso recentemente por ter manipulado as provas contra a
garota. Rimsha foi dada em custódia ao Presidente da "Aliança de todas as Minorias
do Paquistão", Paul Bhatti, que parabenizou o governo e a polícia por terem descoberto
a verdade.
A nossa emissora entrevistou o Presidente da Associação Cristãos
Paquistaneses na Itália, Prof. Mobeen Shahid, que destacou a necessidade de "apreciar
a honestidade do juiz e a decisão corajosa". "Existiam todos os indícios para declará-la
inocente e dar-lhe a possibilidade de ir para sua família. Esta é mais uma prova de
que a lei da blasfêmia é objeto de abusos. Desde os anos 80, quando esses abusos aumentaram,
é a primeira vez que graças a uma investigação honesta e objetiva se chega a provar
que o acusador é o verdadeiro culpado de blasfêmia, neste caso, o imame Chishiti"
– frisou Shahid.
Respondendo à pergunta sobre o que vai ser agora da garota,
o professor disse que o processo continuará porque Rimsha foi libertada sob caução.
"Quando for requisitada sua presença pelo juiz ela deverá voltar ao tribunal porque
as investigações estão ainda em andamento tanto da parte da polícia quanto do tribunal"
- destacou.
Segundo Shahid, a comunidade cristã corre o risco de vários ataques.
"Os vizinhos de Rimsha não voltaram a viver em suas próprias casas, porque estão com
medo e não confiam na defesa que o governo pode lhes dar" – frisou ele.
O professor
pediu ao governo paquistanês para que intervenha na legislação a fim de evitar tais
abusos. "O Paquistão sozinho não conseguirá fazê-lo, porque o governo é politicamente
fraco. É necessário o apoio da comunidade internacional. Nesse caso, nós, como cidadãos
paquistaneses, pedimos à ONU para que apóie as mudanças na aplicação da lei da blasfêmia
que a cada ano provoca milhares de vítimas. (MJ)