São Paulo (RV) – O Brasil abriga 4.493 pessoas de 77 nacionalidades como refugiados,
30% deles se concentram em São Paulo e buscam na capital paulista mais segurança para
viver. Os dados de março de 2012 do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) apontam
a origem dos solicitantes de refúgio: 63,7% da África, 23,12% das Américas, 10,9%
da Ásia, 2,7% da Europa e cinco pessoas apátridas.
Os dados também apontam
que de março de 2011 até março deste ano, 58 sírios já registraram seu pedido de refúgio,
dada a situação de guerra civil em que o país se encontra. Os números foram apresentados
durante o seminário “Mobilidade Humana, na grande cidade, o desafio de acolher na
diversidade”, realizado recentemente na Vila Mariana, zona sul.
Segundo a legislação
brasileira, é refugiado aquele ou aquela que devido a fundados temores de perseguição
por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas esteja
fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção
de tal país.
Segundo Padre Marcelo Monge, diretor da Caritas Arquidiocesana,
o reconhecimento de refúgio não costuma sair em menos de um ano. “A demora no processo
contribui para a marginalização das pessoas e isso é culpa do governo brasileiro que
demora para julgar os pedidos de refúgio”.
Tráfico de pessoas
Enquanto
o solicitante de refúgio aguarda seu julgamento, ele recebe um protocolo e carteira
de trabalho para adquirir meios de subsistência. Entidades que trabalham com o refúgio
no Brasil apontam que as redes de tráfico de pessoas utilizam esses mecanismos legais
para aumentar o tráfico.
Para Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano
é “aberrante a situação do tráfico de pessoas no Brasil”, e o tema interessa à Igreja
e a todas as pessoas que têm consciência moral. “Trabalhemos por uma sociedade livre
e que as escravidões cessem de uma vez e que não se reinventem de maneira mais sofisticada.
Essa é uma chaga, uma vergonha social” - concluiu o cardeal. (CM)