Papa aos leigos africanos: "Sejam embaixadores de Cristo"
Iaundé (RV) – “Leigos, sejam embaixadores de Cristo.” Em síntese, essa é a
exortação do Papa Bento XVI aos participantes do II Congresso pan-africano do laicato
católico, em andamento em Iaundé, em Camarões.
Citando o tema do encontro,
"Ser testemunhas de Jesus Cristo na África hoje", o Papa afirma que evoca a Exortação
Apostólica Pós-Sinodal Africae munus, que ele mesmo entregou ao episcopado africano
em novembro do ano passado.
Este Congresso em Iaundé, afirma Bento XVI, se
apresenta como uma etapa significativa do caminho inaugurado pela Segunda Assembleia
Especial para a África. “Durante as minhas viagens ao Continente, afirmei em várias
ocasiões que a África é chamada a ser o «Continente da esperança». Não eram palavras
de circunstância, mas indicavam um horizonte luminoso que se abre ao olhar da fé.”
À primeira vista, escreve o Papa, os problemas da África aparecem graves e
de difícil solução, e não somente pelas dificuldades materiais, mas também pelos obstáculos
espirituais e morais que também a Igreja encontra.
Entre essas dificuldades,
o Pontífice cita a dilaceração do tecido pessoal e social, a exasperação do tribalismo,
a violência, a corrupção na vida pública, a humilhação e a exploração das mulheres
e das crianças, o aumento da miséria e da fome e o terrorismo fundamentalista.
“Olhando
mais profundamente, porém, olhando para o coração dos povos africanos, descobrimos
uma grande riqueza de recursos espirituais, preciosos para o nosso tempo”, afirma
o Pontífice, que insere nesse túnel de esperança o exemplo da santa sudanesa Josefina
Bakhita, que mostra como o encontro com o Deus de Jesus Cristo é capaz de transformar
profundamente todo ser humano, inclusive nas condições mais pobres.
Bento XVI
então exorta: “Nesta obra de transformação de toda a sociedade, tão urgente para a
África de hoje, os fiéis leigos têm um papel insubstituível, eles são os ‘embaixadores
de Cristo’ (2 Cor 5,20) no espaço público, no coração do mundo”. Mulheres e homens,
jovens, idosos e crianças, famílias e sociedades, toda a África hoje aguarda os “embaixadores”
da Boa Nova, fiéis leigos provenientes das paróquias, dos movimentos eclesiais e das
novas comunidades, apaixonados por Cristo e pela Igreja, repletos de alegria, corajosos
agentes de paz e anunciadores de autêntica esperança.
Participam deste Congresso
mais de 300 delegados provenientes de 35 países da África. O discurso de abertura
foi pronunciado esta manhã pelo Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos,
Card. Stanislaw Rylko. Ele afirmou que não obstante o importante crescimento numérico
dos últimos anos, os católicos na África permanecem uma minoria, mas uma “minoria
criativa”, consciente de ser determinante para o futuro do continente.
O Card.
Rylko definiu o laicato africano como de “grandes potencialidades espirituais”, mas
que precisa despertar: “Este Congresso, portanto, deverá ser para todos nós o Congresso
do redescobrimento da beleza de ser cristãos”. (BF)