Mensagem do Papa para as exéquias do Cardeal Martini: homem de Deus, atento às situações
mais difíceis
Cidade do Vaticano (RV) - Ao menos vinte mil fiéis saudaram pela última vez,
num clima de profunda comoção e gratidão a Deus, o Cardeal Carlo Maria Martini, falecido
nesta sexta-feira, aos 85 anos, cujas exéquias foram celebradas às 16h locais desta
segunda-feira, na Catedral de Milão, arquidiocese que durante 22 anos o teve como
insigne e zeloso Pastor.
De fato, com a participação de milhares de fiéis,
autoridades, amigos e admiradores do Cardeal Martini, a missa exequial foi presidida
pelo Arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola. Bento XVI enviou uma mensagem para
a ocasião, lida no início da celebração por seu Vigário-Geral para o Estado da Cidade
do Vaticano, Cardeal Angelo Comastri. A seguir, na íntegra, a mensagem do Pontífice:
Caros
irmãos e irmãs,
Neste momento desejo expressar a minha proximidade, com a oração
e o afeto, a toda a Arquidiocese de Milão, à Companhia de Jesus, aos parentes e as
todos aqueles que estimaram e amaram o Cardeal Carlo Maria Martini e quiseram acompanhá-lo
nesta última viagem.
"Tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o
meu caminho" (Sal 119 (118), 105): as palavras do Salmista podem resumir toda
a existência deste Pastor generoso e fiel à Igreja. Foi um homem de Deus, que não
somente estudou a Sagrada Escritura, mas a amou intensamente, fez dela luz para a
sua vida, a fim de que tudo fosse <<ad maiorem Dei gloriam>>, para a maior
glória de Deus. E justamente isso foi capaz de ensinar aos fiéis e àqueles que estão
à procura da verdade que a única Palavra digna de ser ouvida, acolhida e seguida é
a de Deus, porque indica a todos o caminho da verdade e do amor. E o foi com uma grande
abertura de ânimo, jamais rejeitando o encontro e o diálogo com todos, respondendo
concretamente ao convite do Apóstolo a estar "sempre pronto a dar razão da vossa esperança
a todo aquele que vo-la pede" (1 Pd 3, 15). E o foi com um espírito de caridade
pastoral profunda, segundo o seu lema episcopal, "Pro veritate adversa diligere,
atento a todas as situações, especialmente as mais difíceis, fazendo-se próximo, com
amor, a quem se encontrava no desânimo, na pobreza e no sofrimento.
Numa homilia
de seu longo ministério a serviço desta Arquidiocese ambrosiana assim rezava: <> (Homilia de 29 de março de 1980).
O Senhor, que guiou o Cardeal
Carlo Maria Martini em toda a sua existência acolha na Jerusalém do Céu esse incansável
servidor do Evangelho e da Igreja. A todos os presentes e àqueles que choram a sua
partida chegue o conforto da minha Bênção.