"Incansável servidor do Evangelho e da Igreja": Bento XVI na mensagem para as exéquias
do cardeal Martini
Incontável multidão – da cidade e arquidiocese de Milão, mas não só - prestou a sua
última homenagem ao cardeal Carlo Maria Martini, cujas exéquias tiveram lugar nesta
segunda à tarde, na catedral milanesa, presididas pelo atual arcebispo o cardeal Angelo
Scola. Ininterruptamente, desde sábado ao meio-dia, quando teve início a câmara ardente,
mais de duzentas mil pessoas desfilaram perante o féretro colocado junto do altar
mor do famoso Duomo di Milão.
O Evangelho proclamado nas Exéquias foi uma
passagem do capítulo 6 de São João, com as palavras de Jesus “Aquele que vem a mim,
não o rejeitarei, porque desci do Céu, não para fazer a minha vontade mas a vontade
daquele que me enviou. E esta é a vontade d’aquele que me enviou, que quem vê o Filho
e crê nele tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.
O Santo
Padre fez-se representar pelo cardeal Angelo Comastri, seu Vigário geral para a Cidade
do Vaticano e Arcipreste da basílica de São Pedro, que no início da celebração procedeu
à leitura da mensagem de Bento XVI de que era portador. O Papa começa por citar um
versículo do Salmo 118, “palavras que podem resumir – disse – toda a existência deste
generoso e fiel pastor da Igreja”: “lâmpada para os meus passos é a tua palavra, luz
para o meu caminho”. O Cardeal Martini – escreveu o Papa – “foi um homem de Deus,
que não só estudou a Sagrada Escritura, mas a amou intensamente, fazendo dela a luz
da sua vida, para que tudo fosse ad maiorem Dei gloriam (para maior glória
de Deus)”. “Precisamente por isso foi capaz de ensinar aos crentes e aos que se encontram
à busca da verdade que a única Palavra digna de ser escutada, acolhida e seguida é
a Palavra de Deus, poque indica o caminho da verdade e do amor”.
A mensagem
pessoal do Papa recorda com apreço que o cardeal Martini revelou nisso “uma grande
abertura de espírito, nunca recusando o encontro e o diálogo com todos, correspondendo
concretamente ao convite do Apóstolo – “sempre prontos a responder a quem quer que
vos peça razão da esperança que está em vós”. “Foi-o com um espírito de profunda caridade
pastoral, segundo o seu lema episcopal Pró veritate adversa diligere – atento
a todas as situações, especialmente as mais difíceis, próximo, no amor, a quem se
encontrava no desconforto, na pobreza, no sofrimento”.
Quase a concluir, Bento
XVI citava uma oração com que o cardeal Martini, concluía uma homilia pronunciada
em 1980 na catedral milanesa: “Nós te pedimos, Senhor, faz de nós, água fresca para
os outros, pão partilhado para os irmãos, luz para o que caminham nas trevas, vida
para os que erram na sombra da morte. Sê Tu, Senhor, a vida do mundo. Guia-nos, Senhor,
para a tua Páscoa. Juntos, caminharemos ao teu encontro, levaremos a tua cruz, saborearemos
a comunhão da tua ressurreição. Conjuntamente, caminharemos para a Jerusalém celeste,
em direção ao Pai”
“Que o Senhor acolha na Jerusalém do Céu este incansável
servidor do Evangelho e da Igreja” – concluía a mensagem do Papa.