2012-09-02 19:08:49

Nova Evangelização e Redemptoris missio: o Reino em relação a Cristo e à Igreja


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal neste espaço reservado à nova evangelização. Na edição de hoje prosseguimos nossa revisitação à Redemptoris missio, Carta encíclica de João Paulo II, de 1990, sobre a validade permanente do mandato missionário.

Estamos no segundo capítulo do importante documento magisterial, capítulo este intitulado "O Reino de Deus". Na edição passada trouxemos os números 14 e 15, que tratam das características e exigências do Reino. Nesta edição trazemos os números 16 e 17. O nº 16 tem como tema Em Cristo ressuscitado, o Reino cumpre-se e é proclamado. Dada a extensão de ambos os textos e considerando o tempo de que dispomos, passemos imediatamente a ele:

16. "Ao ressuscitar Jesus dos mortos, Deus venceu a morte, e n'Ele inaugurou definitivamente o Seu Reino. Durante a vida terrena, Jesus é o profeta do Reino e, depois da Sua paixão, ressurreição e ascensão aos céus, participa do poder de Deus, e do Seu domínio sobre o mundo (cf Mt 28, 18; At 2, 36; Ef 1, 18-21). A ressurreição confere à mensagem de Cristo, e a toda a Sua ação e missão, um alcance universal. Os discípulos constatam que o Reino já está presente na pessoa de Jesus, e pouco a pouco vai-se instaurando no homem e no mundo, por uma misteriosa ligação com a Sua pessoa. Assim depois da ressurreição, eles pregam o Reino, anunciando a morte e a ressurreição de Jesus; Filipe, na Samaria, « anunciava a Boa Nova do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo » (At 8, 12). Paulo, em Roma, « anunciava o Reino de Deus e ensinava o que diz respeito ao Senhor Jesus Cristo » (At 28, 31). Também os primeiros cristãos anunciam « o Reino de Cristo e de Deus » (Ef 5, 5; cf. Ap 11, 15; 12, 10), ou então « o Reino eterno de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo » (2 Pd 1, 11). Sobre o anúncio de Jesus Cristo, com o Qual o Reino se identifica, se concentra a pregação da Igreja primitiva. Como outrora, é preciso unir hoje o anúncio do Reino de Deus (o conteúdo do « kerigma » de Jesus) e a proclamação da vinda de Jesus Cristo (o « kerigma » dos apóstolos). Os dois anúncios completam-se e iluminam-se mutuamente."

E passemos ao nº 17, que tem como tema O Reino em relação a Cristo e à Igreja:

17. "Hoje fala-se muito do Reino, mas nem sempre em consonância com o sentir da Igreja. De fato, existem concepções de salvação e missão que podem ser designadas « antropocêntricas », no sentido redutivo da palavra, por se concentrarem nas necessidades terrenas do homem. Nesta perspectiva, o Reino passa a ser uma realidade totalmente humanizada e secularizada, onde o que conta são os programas e as lutas para a libertação socioeconômica, política e cultural, mas sempre num horizonte fechado ao transcendente. Sem negar que, a este nível, também existem valores a promover, todavia estas concepções permanecem nos limites de um reino do homem, truncado nas suas mais autênticas e profundas dimensões, espelhando-se facilmente numa das ideologias de progresso puramente terreno. O Reino de Deus, pelo contrário, « não é deste mundo (...) não é daqui debaixo » (Jo 18, 36).
Existem também concepções que propositadamente colocam o acento no Reino, autodenominando-se de « reino-cêntricas », pretendendo com isso fazer ressaltar a imagem de uma Igreja que não pensa em si, mas dedica-se totalmente a testemunhar e servir o Reino. E uma « Igreja para os outros » — dizem — como Cristo é o homem para os outros. A tarefa da Igreja é orientada num duplo sentido: por um lado promover os denominados « valores do Reino », como a paz, a justiça,a liberdade, a fraternidade, por outro, favorecer o diálogo entre os povos, as culturas, as religiões, para que, num mútuo enriquecimento, ajudem o mundo a renovar-se e a caminhar cada vez mais na direção do Reino.
Ao lado de aspectos positivos, essas concepções revelam frequentemente outros negativos. Antes de mais, silenciam o que se refere a Cristo: o Reino, de que falam, baseia-se num « teocentrismo », porque — como dizem — Cristo não pode ser entendido por quem não possui a fé n'Ele, enquanto que povos, culturas e religiões se podem encontrar na mesma e única realidade divina, qualquer que seja o seu nome. Pela mesma razão, realçam o mistério da criação, que se reflete na variedade de culturas e crenças, mas omitem o mistério da redenção. Mais ainda, o Reino, tal como o entendem eles, acaba por marginalizar ou desvalorizar a Igreja, como reação a um suposto eclesiocentrismo do passado, por considerarem a Igreja apenas um sinal, aliás, passível de ambiguidade."

Amigo ouvinte, na próxima edição destacaremos alguns pontos do texto exposto para aprofundá-los. Por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser!







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