2012-09-01 17:55:38

Presidente do Pontifício Conselho para a Família recorda o Cardeal Martini, homem de Deus, apaixonado pelo Evangelho


Cidade do Vaticano (RV) - Tristeza misturada com gratidão: são os sentimentos com os quais a Comunidade romana de Santo Egidio, num comunicado, recorda o Cardeal Carlo Maria Martini, o seu grande testemunho de pastor e o seu amor pela Palavra de Deus.

O profundo conhecimento das Escrituras, por ele pregadas nos anos setenta nas periferias de Roma junto à Comunidade de Santo Egidio, quando era reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, o seu amor pelos fracos e pelos pobres, a sua paixão pela paz e o diálogo, partilhada em tantos anos de amizade, permanecem para todos como preciosa herança da sua paixão evangélica pela Igreja e pelo nosso tempo.

Entrevistado pela Rádio Vaticano, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família e assistente espiritual da Comunidade de Santo Egidio, Dom Vincenzo Paglia, recorda o Cardeal Martini:

Dom Vincenzo Paglia:- "A recordação que tenho é a recordação de um homem de Deus, de um homem apaixonado pelo Evangelho, e de um homem que queria levar o Senhor ao coração das pessoas. Recordo-me quando, ainda jovem reitor do Pontifício Instituto Bíblico, dizia: "Eu falo muito em evangelização, mas faço pouco pelos pobres. Gostaria de passar ao menos metade de um dia por semana com os mais pobres". Essa afirmação tornou-se depois realidade. Toda quinta-feira ele passava a tarde com um ancião no Bairro Trastevere, lavando pratos, limpando o chão, indo fazer as compras para esse ancião. Eis que esse Evangelho que chega ao coração dos mais fracos, dos mais pobres através daqueles que creem, é um dos sinais mais bonitos que recordo do Cardeal Martini, que depois viveu tudo isso de modo extraordinário tornando-se Arcebispo de Milão.

RV: O percurso do Cardeal Martini muitas vezes entrelaçou-se com o da Comunidade de Santo Egidio, sobretudo no que concerne à promoção do diálogo entre as religiões...

Dom Vincenzo Paglia:- "Sim. O encontro do Cardeal Martini com a Comunidade de Santo Egidio remonta a 1974, quando ele – recordo –, propenso a viver a Igreja segundo as imagens dos Atos dos Apóstolos, queria estar próximo dos pobres. Todos os domingos ia celebrar a missa num local, uma ex-pizzaria, com essa pequena Comunidade de Santo Egidio, nos bairros da Roma de então, os bairros da periferia. Aos poucos, os vínculos com a Comunidade foi crescendo com a própria vida da comunidade: os encontros com fiéis de outras religiões, a começar pelos judeus, dos ortodoxos aos protestantes, bem como, depois, com o mundo islâmico e também com os ateus e agnósticos, já nos anos 80. Nesse sentido, a comunidade perde um grande amigo que obviamente continuará inspirando milhares de pessoas que tiveram nele um ponto de referência." (RL)







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