2012-08-31 18:27:08

Segunda-feira, em Milão as exéquias do card.Martini, arcebispo emérito da arquidiocese. "Um grande evangelizador" (padre Lombardi)


Terão lugar na catedral de Milão, segunda-feira, às 16 horas, as exéquias do cardeal Carlo Maria Martini, falecido na tarde desta sexta-feira, 31 de agosto, com 85 anos de idade (foto, 2005, com Bento XVI, neo-eleito).
A emoção suscitada por esta morte vai bem para além da arquidiocese de que foi pastor ao longo de 22 anos (1979-2002) Com a sua palavra, os seus numerosos escritos e inovadoras iniciativas pastorais, o cardeal Martini soube testemunhar e anunciar eficazmente a fé aos homens do nosso tempo, merecendo a estima e o respeito de próximos e distantes, inspirando no exercício do seu ministério tantos irmãos no episcopado, em muitas partes do mundo”.

O seu perfil era o de um jesuíta estudioso de Sagrada Escritura, para quem a Palavra de Deus era o ponto de partida e o fundamento da sua abordagem de qualquer aspeto da realidade e de cada uma das suas intervenções. A sua espiritualidade era a de uma relação contínua e concreta entre a leitura da Palavra de Deus e a vida, à busca de um discernimento espiritual e decisão à luz do Evangelho.

Foi uma corajosa intuição de João Paulo II tirar partido da riqueza cultural e espiritual daquele que tinha sido até então um biblista, Reitor do Instituto Bíblico e, depois, da Universidade Gregoriana, para o colocar à frente da arquidiocese de Milão, uma das maiores do mundo.

Grande era o seu amor à Terra Santa, onde sempre desejou passar os últimos anos de vida, para aí ser sepultado. Foi a gravidade da doença que o obrigou a regressar à Itália em 2007. Vivia numa casa dos jesuítas, dos arredores de Roma.

A comunidade de Santo Egídio recorda o seu grande testemunho de pastor e o amor pela Palavra de Deus, assim como pelos mais débeis e pobres, a sua paixão pela paz e pelo diálogo.

Natural de Turim, Piemonte, norte da Itália, Carlo Maria Martini, ingressou na Companhia de Jesus em 1944, com 17 anos. Ordenado padre em 1952. Doutorado em Sagrada Escritura, foi nomeado reitor do Instituto Bíblico de Roma em 1969. Em 1978, reitor da Universidade Gregoriana. Foi o único membro católico do Comité Ecuménico para a preparação da edição crítica grega do Novo Testamento.

Em 1978, a convite de Paulo VI, pregou os Exercícios Espirituais no Vaticano. Em Dezembro de 1979, João Paulo II nomeou-o Arcebispo de Milão, aonde deu entrada em Fevereiro seguinte. Logo neste primeiro ano de ministério episcopal introduziu na diocese a “Escola da Palavra”, para ajudar o povo de Deus a abordar a Sagrada Escritura segundo o método da “Lectio divina”.

Foi ao cardeal Martini que o padre Lombardi dedicou o costumado Editorial desta semana:

“A morte do cardeal Carlo Maria Martini é um acontecimento que suscita grande emoção, bem para além dos confins da aliás vastíssima arquidiocese de Milão, que governou ao longo de 22 anos. Trata-se, de facto, de um bispo que com a sua palavra, os seus numerosos escritos, as suas inovadoras iniciativas pastorais soube testemunhar e anunciar eficazmente a fé aos homens do nosso tempo, granjeando a estima e o respeito de próximos e distantes, inspirando no exercício do seu ministério tantos irmãos no episcopado, em muitas partes do mundo.
A formação e a personalidade de Martini eram as de um jesuíta estudioso da Sagrada Escritura. A Palavra de Deus era o ponto de partida e o fundamento da sua abordagem a cada aspeto da realidade e de cada uma das suas intervenções; os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola eram a matriz da sua espiritualidade e da sua pedagogia espiritual, da relação contínua, direta, concreta, entre a leitura da Palavra de Deus e a vida, do discernimento espiritual e da decisão à luz do Evangelho.
Foi uma corajosa intuição de João Paulo II colocar a riqueza cultural e espiritual daquele que tinha sido até então um estudioso, Reitor do Instituto Bíblico e depois da Universidade Gregoriana ao serviço do governo pastoral de uma das maiores dioceses do mundo. Caraterístico foi o seu estilo de governo. No seu recente, último, livrinho – “o Bispo” – escreve Martini: “Não pense o bispo poder guiar eficazmente as pessoas a ele confiadas com proibições e juízos negativos. Preocupe-se, isso sim, com a formação interior, com o gosto e a fascinação da Sagrada Escritura, apresente as motivações positivas do nosso agir segundo o Evangelho. Obterá assim muito mais do que com rígidas chamadas à observância das normas”.
É uma herança preciosa, sobre a qual refletir seriamente quando procuramos as vias da nova evangelização”.








All the contents on this site are copyrighted ©.